ARACAJU/SE, 4 de setembro de 2025 , 16:38:20

Sobe para 17 número de mortos em acidente com bondinho em Lisboa; não há registro de brasileiros entre vítimas

 

Ao menos 17 pessoas morreram após o descarrilamento na quarta-feira (3) do Elevador da Glória, famoso bondinho de Lisboa, em Portugal, segundo informaram serviços de emergência.

Quinze mortes haviam sido confirmadas na quarta-feira, dia do acidente. Nesta quinta (4), outras duas pessoas que estavam no hospital morreram.

Mais de 20 pessoas ficaram feridas. Segundo o jornal Observador, sete pessoas estão em estado grave. O jornal afirma que as pessoas feridas têm idades entre 24 e 65 anos — mas que há também uma criança de 3 anos, que teria tido ferimentos leves.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), “até o momento, não há registro de vítimas brasileiras”. Em nota, o ministério prestou solidariedade ao governo e ao povo de Portugal.

O acidente ocorreu às 18h15 no horário local (14h15 em Brasília), perto da Avenida da Liberdade, uma das principais de Lisboa.

Não está claro quantos dos mortos e feridos estavam no bondinho e quantos eram pedestres.

Vários feridos precisaram ser resgatados das ferragens do bondinho acidentado, mas todos os sobreviventes já foram levados para hospitais.

Uma mulher que testemunhou o acidente disse à emissora portuguesa SIC que o bonde bateu contra um edifício enquanto descia a rua íngreme “a toda velocidade”.

“Ele atingiu um prédio com força brutal e desabou como uma caixa de papelão. Não parecia ter freios”, contou.

Outra testemunha disse ao jornal português Observador que o veículo estava “descontrolado, sem freios”.

“Todos nós começamos a correr porque achamos que (o bonde) ia bater no que estava lá embaixo”, disse Teresa d’Avó.

“Mas ele caiu na curva e bateu em um prédio.”

O histórico Elevador da Glória, inaugurado em 1885, liga a região da Praça dos Restauradores, no coração da capital portuguesa, ao boêmio Bairro Alto. O percurso é de 275 metros e é feito em três minutos.

Oficialmente chamado de “Ascensor da Glória”, o bondinho leva 22 pessoas sentadas e 20 em pé e é um símbolo lisboeta.

Atualmente, há dois veículos em operação, segundo a Carris, empresa municipal de transporte público de Lisboa.

Assim como os outros elevadores da cidade, o bondinho é utilizado pela população local, mas também é extremamente popular entre os turistas — e, neste fim do verão na Europa, a capital portuguesa está recebendo muitos visitantes.

Ainda não há informações oficiais sobre as causas do acidente e a nacionalidade das vítimas.

Mas os serviços de emergência locais confirmam que há estrangeiros entre os mortos, além de portugueses.

O jornal português Público, um dos principais do país, diz que a causa do acidente foi o rompimento de um cabo de segurança.

Ao jornal Observador, uma testemunha disse que houve uma gritaria antes do acidente e que foi possível ver o bondinho descontrolado na ladeira, antes de bater num prédio.

De acordo com o Público, a Câmara Municipal de Lisboa ordenou a suspensão dos elevadores da Bica, Lavra e Santa Justa e inspeções imediatas.

O Legislativo municipal decretou três dias de luto na capital portuguesa.

Em maio de 2018, o Elevador da Glória já havia descarrilado, mas sem deixar vítimas.

Em comunicado após o acidente desta quarta, a Carris lamentou os acidentes e disse que “foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção”.

Segundo a empresa, os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária têm sido cumpridos.

“A Carris abriu de imediato um inquérito em conjunto com as Autoridades para apurar as reais causas deste acidente”, encerra o comunicado.

Pedro Bogas, presidente da Carris, emitiu uma declaração à imprensa: “Temos protocolos rigorosos, excelentes profissionais há muitos anos, e precisamos entender o que aconteceu.”

“Sendo a prioridade imediata o socorro às vítimas, as autoridades competentes realizarão no devido tempo as averiguações necessárias ao apuramento das causas deste lamentável acidente”, diz o comunicado.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou “esperança” de que as autoridades esclareçam em breve as causas do incidente.

Na rede social X, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que “com tristeza” ficou sabendo do descarrilamento.

“Os meus sentimentos com as famílias das vítimas”, disse.

Quem são as vítimas?

Enquanto as investigações começam e feridos são atendidos nos hospitais, três questões-chave permanecem sem resposta: quais foram as causas do acidente? Quantas pessoas estavam a bordo? Quem são os mortos?

Sobre as causas do acidente, o foco da imprensa portuguesa está no cabo que permite o funcionamento do sistema de contrapeso. Este cabo permite ao bonde subir e descer da ladeira íngreme no centro de Lisboa.

Este sistema é utilizado desde 1914. Inicialmente, funcionava com um sistema hidráulico, depois com um sistema a vapor e agora é elétrico.

Para além do foco neste cabo, há também a questão de como se descarrilou e por que o sistema de freio não foi suficiente para impedir que a carruagem descesse a ladeira.

Em relação aos mortos e suas nacionalidades, ainda não houve confirmação oficial pelas autoridades.

Segundo o jornal português O Observador, um alemão estaria entre os mortos, enquanto a esposa dele e o filho de três anos foram resgatados.

A mãe estaria em estado crítico no hospital e o menino de três anos teria sofrido apenas ferimentos leves.

Já o sindicato português de transportes Sitra afirma que um homem que trabalhava para a Carris, empresa que opera o elevador da Glória, morreu no acidente.

Eles afirmam que André Jorge Gonçalves Marques, que operava o sistema de freio do bonde, é uma das 17 pessoas mortas no acidente de quarta-feira.

Fonte: BBC News Brasil

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