Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (13), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) detalhou a trama que resultou no assassinato do advogado José Lael de Souza Rodrigues Júnior e na tentativa de morte contra o filho. Pelo que foi apurado, o caso teve como pano de fundo um suposto relacionamento amoroso entre a esposa do advogado, uma cirurgiã plástica , e uma amiga, e a divisão patrimonial do casal após o fim do relacionamento.
Até o momento cinco pessoas estão presas: a viúva do advogado, a amiga dela – que é engenheira –, uma mulher que trabalhava como secretária no consultório da viúva, o proprietário da moto, que teria sido o responsável por transportar o autor dos disparos, e o homem que serviu de intermediário entre os mandantes e os assassinos. Um homem, que seria o executor do crime, ainda está foragido.
A irmã do advogado, Rosane Rodrigues, acompanhou a coletiva e informou que a médica não participou do sepultamento, preferindo ir ao cabeleireiro, adotando um comportamento diferente de alguém que perdeu uma pessoa querida. “Dois dias dias depois, eu fui na casa dela pegar roupas para o meu sobrinho, que estava hospitalizado, foi uma tentativa de homicídio, a gente quer saber qual foi a motivação disso. Fui buscar roupas para o meu sobrinho três dias depois e me deparei com a empregada com malas, com todos os meus pertences do meu irmão dentro das malas para nos entregar, porque ela iria doar, entregar, dar as roupas do meu irmão”. Rosane acrescentou que tomou conhecimento que, após o ocorrido, a cunhada alugou casa de praia.
“Nós estamos dilacerados. Perdemos um ente querido maravilhoso. Uma pessoa protetora, que cuidava de nós, que era incapaz de apunhalar alguém pelas costas. A polícia de Sergipe, Dr. João Eloy, Dr. Dernival, Nadja, Juliana, Thiago, mostraram felizmente para a gente que violência, crime tem sim uma punição. Que ele não imaginava, sequer passava pela cabeça dele, que isso poderia acontecer. Que morreu em uma emboscada, que morreu sangrando pelo pescoço, no colo do filho, sem nem imaginar de onde isso teria vindo. Ter vindo de dentro da própria casa”, desabafou Rosane.
Investigação
De acordo com a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), delegada Juliana Alcoforado, a convivência do casal era conturbada com ameaças de separação, mas que acabava não se consumando por conta da divisão do grande patrimônio que dispunham e que está em nome do filho mais novo do casal. Aliado a isso, o advogado tinha ciúmes da médica e de uma amiga. No dia que antecedeu ao crime, 16 de outubro, José Lael teria discutido com a esposa após flagrá-la chegando no carro da amiga no estacionamento do prédio onde ela tinha uma clínica.
Imagens de câmeras de segurança coletadas pela polícia permitiram refazer todo o trajeto do advogado nas horas que antecederam ao crime no dia 17 de outubro. A partir daí, os investigadores descobriram que duas mulheres – que seriam a amiga e a secretária da médica -, que estavam no veículo locado, Polo de cor branca, e dois homens que estavam na moto, acompanharam todo o trajeto do advogado, que, acompanhado do filho, saiu de casa para comprar um lanche, que foi um pedido da esposa. A delegada explicou que os criminosos demonstraram ter informações privilegiadas sobre a movimentação e que apenas a médica, que estava só em casa, poderia passar.
As investigações apontaram ainda que a morte do advogado vinha sendo planejada há algum tempo e que o encontro entre supostos autores intelectuais e executores aconteceram em um estabelecimento comercial no bairro Santa Maria, em Aracaju.
Participaram da coletiva à imprensa, o delegado-geral da Polícia Civil, Thiago Leandro; o diretor do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Dernival Eloy; o comandante do Policiamento Militar da Capital (CMPC), coronel George Melo; e a diretora do DHPP.