Da redação, AJN1
Depois de 46 anos de funcionamento, o Terminal Aquaviário de Aracaju (Tecarmo) encerrou o processo de hibernação com a despressurização – que é a limpeza da tubulação que trazia o petróleo e gás para as plataformas marítimas para as terrestres, denominadas ‘on-shoree’ – e o desligamento dos quatro emblemáticos queimadores que chamavam a atenção de quem passava pela rodovia Melício Machado, no bairro Aruana, zona Sul da Capital, marcando, assim, o fim das atividades no terminal, que empregava cerca de 300 trabalhadores terceirizados e 200 efetivados.
O terminal aquaviário da capital sergipana era operado pela Transpetro – subsidiária da Petrobras que faz o transporte e logística de combustíveis – e ficava responsável pelo armazenamento e embarque do petróleo produzido em Sergipe, tanto nos campos terrestres de Carmópolis, Siriri e Riachuelo, quanto nas plataformas marítimas continentais. Nesse caso, o terminal, eventualmente, era utilizado como entreposto para armazenar o óleo proveniente das bacias do Rio Grande do Norte, Ceará, Amazonas, Alagoas e Espírito Santo.
A hibernação do Tecarmo está atrelada ao processo de desativação de 62 plataformas em campos de águas rasas das bacias de Campos, Sergipe, Potiguar e Ceará, que começou no final de março. Em comunicado oficial no dia 15 de abril, a Petrobras informou que “o fechamento faz parte de um planejamento estratégico para redução de gastos e que essas plataformas não apresentam condições econômicas para operar com preços baixos de petróleo e são ativos em processos de venda. A parada dessas unidades corresponde a um corte de produção de 23 mil barris de petróleo por dia”.
Sobre a hibernação do Tecarmo, a assessoria de comunicação da estatal disse que está providenciando nota oficial a respeito, a ser divulgada em breve.
Queixa
Quem está queixoso com a inatividade do terminal é o Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos nos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE), na pessoa de Fernando Borges, um dos diretores. De acordo com ele, Sergipe perde e muito com a desativação do Tecarmo, já que ainda tem muita capacidade de produção de petróleo e, principalmente, de gás natural, cuja bacia foi descoberta recentemente.
“Os campos de águas rasas já foram hibernados, como disse a Petrobras em comunicado oficial, inclusive a plataforma de Piranema, em Estância, está no alvo. Ontem (quinta-feira) aconteceu a parada das atividades do Tecarmo. Aqueles bicos de queima de combustão foram apagados oficialmente. Não sabemos como vai ficar essa questão, porque o petróleo e o gás de Sergipe não acabaram; a bacia de produção de Sergipe é um dos maiores do Brasil, além da maior produção de gás do país. Entendo que Sergipe não terá benefícios porque eles estão fechando as unidades”, analisa o sindicalista.
Fernando Borges destaca que, no Tecarmo, funcionavam três unidades operacionais: Unidade de Processamento de Gás Natural, integrada à Unidade Operacional de Sergipe/Alagoas, que processa o gás que vêm do mar e da terra; o Núcleo de Exploração e Desenvolvimento de Pesquisa; e a Transpetro, que faz o transporte marítimo de petróleo.
Apelo do Governo
O destino do Tecarmo deve estar na pauta de reivindicações que o Governo do Estado pretende fazer ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve visitar Sergipe na próxima segunda-feira (17) para inauguração da Usina Termelétrica, localizada na Barra dos Coqueiros.
Em entrevista a um programa de rádio local, o governador Belivaldo Chagas (PSD) informou que já vem dialogando com a Petrobras sobre a decisão da estatal encerrar uma série de atividades em Sergipe. Sem querer passar detalhes, o governador revelou que há 15 dias participou de uma videoconferência com a diretoria da estatal onde foi apresentado um plano de ação para Sergipe.
“Nós estamos o tempo todo em tratativa com a Petrobras em virtude dessa decisão por parte do Governo Federal e da Petrobras de encerrar uma série de atividades em Sergipe. Em 90 dias eles estarão apresentando os projetos para Sergipe. Solicitamos que dentro daquilo que não é mais de interesse da Petrobras, que deixe em aberto a possibilidade para que setores da iniciativa privada possam investir”, disse o governador, acrescentando que vai aproveitar a presença do presidente no estado para reforçar o pedido. “Vamos dizer que Sergipe precisa de investimentos e que todas as reivindicações serão encaminhadas por ofício dentro daquilo que achamos importante para o desenvolvimento”.