ARACAJU/SE, 1 de setembro de 2025 , 12:40:47

Técnicas estrangeiras ganham sotaque brasileiro na confeitaria

 

Nos últimos anos, a confeitaria brasileira tem mostrado como técnicas vindas do exterior
podem se reinventar com ingredientes locais. Entre as influências mais marcantes,
destacam-se a francesa, reconhecida pelo rigor técnico e pela estética refinada, e a
americana, conhecida por sobremesas visualmente atraentes e sabor intenso.
Segundo estudos de plataformas que acompanham o setor, o mercado de confeitaria no
Brasil deve faturar cerca de US$ 11,86 bilhões em 2024, com crescimento médio de 4% ao
ano até 2029 (Food Connection, 2023). Em termos nacionais, estima-se que o setor
movimente R$ 12 bilhões por ano, com expansão em grandes centros urbanos e também
em casas artesanais espalhadas pelo país (Jornal do Commercio, 2023).

Herança francesa

A tradição francesa chegou ao Brasil no século XIX, trazendo receitas como éclair, mil-
folhas e profiteroles, além de técnicas sofisticadas de pâtisserie (La Mandolina, 2023; Ensin-
e, 2023).

Grandes confeitarias cariocas, como a Casa Cavé, inaugurada em 1860, e a Confeitaria
Colombo, fundada em 1894, incorporaram o estilo europeu em seus ambientes e cardápios,
valorizando a precisão técnica e a apresentação refinada (Wikipedia, 2023).
No Brasil, as técnicas europeias foram reinterpretadas com insumos e ingredientes locais,
gerando doces que refletem uma fusão entre tradição e criatividade tropical. Um exemplo
emblemático é o bolo de rolo, cuja origem está vinculada ao doce português colchão de
noiva.
Segundo o estudo “A doce gastronomia: um estudo sobre o bolo de rolo como patrimônio
imaterial e fator de construção da identidade cultural” (UNIFACOL, 2022), trata-se de uma
pesquisa qualitativa que analisa não apenas a herança portuguesa do doce, mas também
seu papel simbólico e sua adaptação cultural com o uso da goiabada em Pernambuco,
consolidando-o como patrimônio imaterial e elemento de identidade regional.

Influência americana

Apesar de menos documentada, a influência americana aparece em sobremesas como
cheesecakes, brownies e cupcakes, introduzidas principalmente por redes globais e pelo
intercâmbio cultural (Veja, 2023). Essas receitas, mais informais e voltadas ao conforto, se
adaptaram ao paladar brasileiro, complementando o legado francês com criatividade e
praticidade.
Confeiteiros brasileiros atuais reinterpretam clássicos internacionais com frutas tropicais,
castanhas e adoçantes locais. É o caso de éclairs com doce de leite ou tartelettes de
cupuaçu com praliné de castanha-do-pará, que equilibram técnica francesa e identidade
brasileira (Au Bon Vivant, 2023).
Ingredientes como leite condensado, açúcar de rapadura ou dendê são incorporados para
agradar o paladar nacional, mantendo a sofisticação visual e sensorial (Au Bon Vivant,
2023).

Mercado em crescimento e novas tendências

O setor de confeitaria vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos. Entre 2019 e
2022, a taxa de expansão anual média chegou a 11%, impulsionada pelo aumento de
vendas via delivery e redes sociais, especialmente em pequenas confeitarias domésticas
(Gazeta da Semana, 2022).

O consumo de doces também se intensificou entre jovens durante a pandemia, com
aumento de 63%, segundo pesquisa da Fiocruz e da Unicamp (Gazeta da Semana, 2022).

 

Nesse contexto, a torta de limão, que combina , que combina base crocante, creme suave e cobertura delicada, se destaca como exemplo de fusão bem-sucedida. Assim, a confeitaria brasileira mostra que a assimilação de técnicas estrangeiras não é apenas reprodução, trata-se de uma adaptação inteligente.

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