Já imaginou se um transplante de células pudesse restaurar a visão de pacientes? Isso é o que aconteceu com alguns pacientes com problemas oculares que foram submetidos a um transplante.
Em publicação no periódico The Lancet, o pesquisador Kapil Bharti, membro do Instituto Nacional dos Olhos dos Estados Unidos, descreveu o caso e classificou como “Um desenvolvimento fascinante”.
Segundo os pesquisadores responsáveis pela pesquisa, a camada externa da córnea ocular possui um reservatório de células tronco no anel limbal, que é a parte mais escura da íris. Contudo, uma condição chamada de deficiência de células tronco do limbo, ou DCTL, pode causar danos à córnea e, eventualmente, levar à cegueira.
O tratamento para esta condição é invasivo e usualmente consiste em transplantar as células tronco de um olho saudável, para o olho que está sofrendo com a DCTL. Quando a doença afeta os dois olhos de um paciente, há até mesmo a possibilidade de fazer um transplante total de córnea.
Contudo, entre 2019 e 2020, a equipe de pesquisadores do cientista Khoji Nishida, da Universidade de Osaka, no Japão, descobriram que uma solução alternativa pode ser utilizada para combater a condição.
A equipe resolveu utilizar células tronco pluripotentes induzidas, ou CTPI, para a realização do transplante. Entre 2019 e 2020, os cientistas utilizaram essas células para o tratamento de quatro pacientes entre 39 e 72 anos, sendo dois deles homens e duas mulheres. Todos tinham DCTL em ambos os olhos.
No procedimento, a equipe removeu o tecido danificado da córnea dos pacientes e costurou o local com tecido epitelial de doadores saudáveis, finalizando com a aplicação de lentes de contato protetores por cima.
Como resultados imediatos ao procedimento, os quatro pacientes apresentaram melhora instantânea de visão, bem como uma redução na área afetada pelo DCTL. Os resultados duraram de forma longeva para três dos pacientes, contudo, um deles e o que tinha a visão mais prejudicada, apresentou algumas degenerações ao longo do ano de observação pós-cirúrgico.
Dois anos após a realização do transplante, nenhum dos indivíduos apresentou quaisquer efeitos colaterais. O cientista responsável pelo experimento classifica que serão realizados mais testes a fim de determinar o que causou o sucesso deste tratamento.
Fonte: Seleções