A solenidade de entrega do troféu Hortênsia de Carvalho, nesta quinta-feira (30), homenageando 15 mulheres que tiveram destaque no estado, em diversas áreas de atuação, marcou o fim das comemorações referentes ao ‘Mês da Mulher’ pela Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh). Entregue pelo segundo ano consecutivo, a comenda reconhece a abnegação da fundadora da Legião Feminina de Educação e Combate ao Câncer (LFECC), instituição que ajuda mulheres carentes na especialidade da ginecologia, há 52 anos.
Foram homenageadas a juíza Adelaide Moura; a representante do Conselho Estadual de Assistência Social, Elian Cruz; a secretária Municipal de Assistência Social, Eliane Aquino; a radialista Magna Santana; a líder comunitária do Japãozinho, Genura Pereira; a líder comunitária do bairro Santos Dumont, Irene de Andrade; a presidente do Conselho da Criança e do Adolescente, Josevanda Mendonça; a representante das religiões de Matriz Africana, Lígia Borges; a ativista da causa LGBT, Linda Brasil; a representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Sergipe, Maria Aparecida dos Santos; a liderança quilombola Maria Izaltina; a delegada da mulher, Mariana Diniz; a representante das Mulheres de Peito, Sheyla Galba; a diretora do presídio feminino, Valéria Tatyane dos Santos; e a líder Comunitária do bairro Santa Maria, Tereza Cristina da Silva Santos.
A coordenadora estadual de Políticas Para Mulheres, Edivaneide Paes, ressaltou a programação realizada durante todo o mês, incluindo o trabalho intensivo dos Ônibus Lilás por todo o estado. “Iniciamos a programação no dia 8 com um grande seminário, em parceria com o Tribunal de Justiça e toda a rede de enfrentamento, e estamos aqui, na segunda edição do troféu Hortênsia de Carvalho. Essa mulher pioneira, fundadora da Legião Feminina de Combate ao Câncer, que deixou grandes frutos desse trabalho”.
Hoje (31), a programação segue com a Feira das Mulheres Artesãs e Agricultoras de Sergipe, na Praça Fausto Cardoso, e com a divulgação do Plano Nacional de Segurança Integrada com enfoque na política da mulher, onde haverá uma panfletagem em vários pontos da capital.
A vice-prefeita Eliane Aquino falou da alegria por estar sendo homenageada pela secretaria da qual foi gestora por tantos anos. “Todas as mulheres que hoje recebem este troféu são mulheres muito fortes, que têm história de luta em Aracaju. Estar entre elas é uma honra para mim, sobretudo por ser nesta casa, onde fui secretária. Aqui temos uma força muito grande de mulheres que lutam e vivem em prol da sociedade sergipana; mulheres extremamente compromissadas não só com as causas feministas, mas principalmente com as causas sociais. Então aqui eu me sinto em casa; parte dessa grande família”, disse Eliane.
De acordo com o secretário Zezinho Sobral, o troféu foi idealizado pelo governador Jackson Barreto para valorizar a luta das mulheres sergipanas. “São pessoas extraordinárias, por quem tenho atenção especial e um grande respeito. As mulheres são o foco principal desta secretaria. Discutimos aqui a violência contra a mulher, os avanços que foram feitos, e entendemos o quanto ainda precisamos avançar. Me sinto verdadeiramente honrado e feliz por poder reconhecer humildemente o meu papel de facilitador, de operador, de trabalhador para a execução da grandeza do pensamento e da harmonia que todas vocês trazem para as nossas vidas”, reforçou o secretário.
Linda Brasil foi uma das escolhidas para receber a homenagem que, para ela, tem o significado de luta. “As mulheres trans sempre foram invisibilizadas na sociedade, sempre tiveram seus direitos negados. Então que elas possam se juntar e resistir, a fim de que consigam que seus direitos sejam respeitados. A gente percebe que a população trans é carente de cidadania, de dignidade, por questões de exclusão social. Isso aqui, então, é uma representação na luta das mulheres LGBT. Que a gente possa sempre ocupar os espaços da sociedade que sempre nos foram negados”, defendeu Linda.
Para Dona Genura, líder comunitária e frequentadora do Espaço Cuidar do Japãozinho, foi uma surpresa ser convidada a receber o troféu. “É uma felicidade muito grande para mim. Não esperava receber essa homenagem. É um reconhecimento que me deixa muito feliz e, por isso, fiquei muito emocionada. Tem 40 anos que eu moro no Japãozinho. Vim representar minha comunidade, minhas colegas que trabalham naquele lugar que eu ajudei a fundar, porque minha comunidade merece”, comentou dona Genura.
Presente no evento, a filha de Hortênsia de Carvalho, Maria Stael, fez seu agradecimento em nome da família. “Agradeço de maneira especial ao amigo Jackson Barreto, sempre presente junto à Legião do Câncer, que deu a esta homenagem o nome da minha adorada mãe; e estendo esse agradecimento a todos que fazem a LFECC, aqui representada pela sua presidente Idalina Campos e demais companheiras que, ao longo desses 52 anos, levam com garra, determinação e amor esse trabalho magnífico de prevenção do câncer ginecológico, mamário e hoje também o bucal”, concluiu.
A mulher no século XXI
Após a entrega das comendas, a socióloga Mariana Selister, professora da Universidade Federal de Sergipe, ministrou a palestra ‘A Mulher no Século XXI e a busca pela igualdade de gênero’. “Nós ainda não atingimos a igualdade no mercado de trabalho, a igualdade em termos salariais e de condições de sucesso na carreira. Ainda temos a dupla jornada, ou seja, a mulher além de trabalhar fora, ainda faz todo o trabalho dentro de casa. Então é necessário resgatar um pouco da historia da luta das mulheres, das conquistas que já tivemos, mais ainda, dos desafios que temos que enfrentar para atingir a tão sonhada igualdade entre homens e mulheres na sociedade”, disse Mariana.
Ainda segundo ela, de acordo com o Datafolha e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016, 4,4 milhões de mulheres brasileiras foram vítimas de agressão física – 503 a cada hora. Entre elas, 12 milhões sofreram ofensa verbal; 5 milhões sofreram ameaça de violência física; 3,9 milhões sofreram ofensa sexual; 1,9 milhões sofreram ameaça com faca ou arma de fogo; 1,4 milhões sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento; e 257 mil mulheres levaram um tiro, nos últimos doze meses.
Fonte: ASN