O ex-presidente Donald Trump sugeriu em um post em sua rede social, Truth Social, que prefere que seu adversário, o presidente Joe Biden, siga contra ele na disputa pela Casa Branca nas eleições presidenciais de novembro, acrescentando que o democrata deveria “ignorar as críticas e seguir em frente”.
Biden tem sido amplamente pressionado para desistir de sua candidatura após o desempenho considerado desastroso no debate presidencial da CNN na semana passada, levantando questionamentos sobre sua capacidade para continuar no comando do país por mais quatro anos.
“O corrupto Joe Biden deveria ignorar seus muitos críticos e seguir em frente”, escreveu Trump, chamando a campanha do democrata de uma “destruição americana” e dizendo que o presidente estava tentando “tornar a China grande novamente” (em referência ao seu próprio slogan de campanha, “Make America great again”, ou “Torne a América grande novamente”).
Biden não sinaliza disposição em desistir
Apesar da pressão, Biden não parece disposto a abandonar a disputa. Neste sábado, em uma mensagem de arrecadação de fundos de campanha, o presidente de 81 anos destacou que tem sido frequentemente subestimado, mas que superou as expectativas, citando sua vitória em 2020 contra Trump e a contenção de uma “onda vermelha” republicana em 2022. Ele rejeitou novamente os comentários de que deveria abandonar a corrida presidencial, chamando-os de “bobagem”.
Em uma entrevista na sexta-feira — a primeira após o debate —, Biden insistiu que sua performance contra o ex-presidente foi uma exceção, resultado de uma agenda de viagens exaustiva no período que antecedeu o encontro e de um resfriado. Também reafirmou firmemente que não deixará a disputa, e que poderia desistir “se Deus Todo Poderoso” pedir diretamente para ele. No início da conversa, que não foi editada antes de ir ao ar pela rede ABC, o jornalista George Stephanopoulos pergunta a Biden se o mau desempenho no debate foi apenas uma “noite ruim”, ou foi sinal de algo mais grave. O presidente foi sucinto:
“Foi um momento ruim, que não indicava qualquer questão mais séria, eu estava exausto, não escutei meus instintos em termos de preparação, e tive uma noite ruim”, disse Biden, que voltou a exibir uma voz um tanto quanto cansada.
Cerca de 8,1 milhões de pessoas assistiram à entrevista, de acordo com dados iniciais da Nielsen. É um número consideravelmente alto, especialmente porque foi ao ar na sexta-feira à noite em um feriado prolongado (4 de julho, quando se celebra o Dia da Independência).
Sob pressão
Os esforços de Biden para se defender surgem em um momento em que um número crescente de democratas tem pedido para que ele se retire da corrida. Além disso, vários doadores prometeram reter dinheiro de sua campanha até que Biden passe o bastão para outra pessoa.
“Tenho cada vez menos confiança na capacidade desta campanha de vencer esta corrida”, disse o representante Scott Peters, democrata da Califórnia, em uma entrevista. “Se sabemos que vamos perder, seria tolice não considerar outro caminho.”
A representante Angie Craig, democrata de Minnesota, também pediu neste sábado que Biden deixasse de ser o candidato democrata. “Eu não acredito que o presidente possa fazer uma campanha eficaz e vencer contra Donald Trump,”, disse ela em um comunicado.
Os parlamentares dizem que têm sido inundados com preocupações sobre a candidatura de Biden. Entre os membros do Comitê Nacional Democrata, essencialmente o braço político da Casa Branca, muitos disseram que continuam apoiando, mas mesmo lá, fissuras estão surgindo.
Kamala Harris desponta para substituir Biden
Em meio à indefinição, a vice-presidente, Kamala Harris, despontou como favorita, mas a lista de interessados na vaga é mais extensa, e inclui governadores, senadores e secretários de governo.
Segundo pesquisa realizada imediatamente após o debate da quinta-feira passada, realizada pela CBS News, 72% dos eleitores registrados — o voto não é obrigatório nos EUA — declararam que o presidente não tem condições mentais e cognitivas para exercer o cargo, embora médicos da Casa Branca digam o contrário. Entre os eleitores democratas, 46% dizem que ele não deveria concorrer contra Trump em novembro, e a idade de Biden (86%) foi o fator mais citado.
Uma outra sondagem, divulgada pela CNN na terça-feira, apontou que 75% dos entrevistados acreditam que um novo nome na chapa democrata melhoraria as chances do partido derrotar Trump. Harris, ao ter o nome ventilado, teve um desempenho melhor do que o de Biden contra o republicano.
Fonte: Exame