ARACAJU/SE, 24 de outubro de 2024 , 9:19:28

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Violência contra a mulher: atitudes consideradas normais podem revelar relação abusiva

 

Dar um gelo, chantagear, controlar e forçar uma relação sexual são atitudes que representam violação dos direitos das mulheres, mesmo que sejam normalizadas pela sociedade. Muitas vezes, a violência de gênero só é considerada quando é cometido o feminicídio. Para especialistas em Direitos Humanos, tudo começa com uma relação abusiva, mas que nem todos conseguem identificar quando vivem em um desses relacionamentos.

“Nenhuma relação começa com o feminicídio, que é o fim do ciclo, o ápice da violência. Uma relação abusiva começa com ‘pequenas’ violências, essas violências invisíveis que a mulher nem percebe que está sofrendo. “Há uma dificuldade muito grande de se identificar essa relação abusiva. E por isso, a gente precisa conscientizar, sensibilizar e conversar com a comunidade para explicar que qualquer relação que viola o respeito mínimo à pessoa, já pode se configurar uma relação abusiva”, diz a professora de Direito da Universidade Tiradentes, Grasielle Vieira.

A violência contra a mulher já foi declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um problema de saúde pública, constituindo a igualdade de gênero um Objetivo do Desenvolvimento Sustentável. “Mas, como vamos promovê-lo? Um dos caminhos é a prevenção, a educação e a conscientização”, enfatiza.

A autônoma Delfina da Silva viveu no contexto de violência doméstica, reagiu e incentiva outras pessoas a não aceitarem a situação. “Eu saía de casa e quando voltava, os pratos estavam quebrados. Eu me separei já tem oito anos. Não precisei ir à delegacia, mas depois ele ligou para mim pedindo que eu abrisse a porta para ele entrar. Não deixei. Hoje ele não me incomoda mais. Por isso a gente não pode abaixar a cabeça, se eu tivesse aceitado a situação, a violência ia continuar. Eu aconselho às minhas amigas: vá procurar ajuda que isso aí é crime. Não fique quieta”, adverte.

Pesquisa acadêmica

Desde 2014, o tema é estudado por mestrandos e doutorandos bolsistas do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, por meio do grupo de Pesquisa Gênero, Família e Violência. “É uma forma de ativismo na prática, tentar ajudar a resolver essa questão que é muito mais profunda, tem a ver com o machismo cultural. Mas é o meu papel de pesquisadora e de feministra tentar mudar o corpo dessa situação passando conhecimento para as pessoas que eu adquiri a partir das pesquisas e tentarmos deixar isso mais próximo de quem realmente precisa da informação”, diz a mestranda Thayná Medeiros.

Foto: Asscom Unit

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