Além de, esteticamente, não ser tão legal, roer as unhas pode fazer mal a saúde — há riscos de inflamação na cutícula e até infecção por bactérias e fungos que encontram, aí, uma porta de entrada para o organismo.
Oficialmente, o hábito é chamado de onicofagia. Os motivos levam as pessoas a viciarem nisso podem depender da idade.
É o que explica a dermatologista Andreia Leverone, chefe do centro de estudos de unha do Hospital Santa Casa do Rio de Janeiro e chefe do departamento de doenças da unha da sociedade brasileira de dermatologia do Rio de Janeiro.
“Quando criança, a tendência maior é que ela tenha algum problema, ou que houve algum distúrbio, naquela fase do desenvolvimento oral, psicológico, dela de chupar os dedos. Então pode ter tido realmente, ali, uma alteração”, diz a dermatologista, acrescentando que “mais tarde um pouquinho, na pré-adolescência, na idade adulta, é pela ansiedade mesmo.”
Segundo ela, o hábito tem fator emocional. Por isso não adianta simplesmente advertir e dizer “pare”. E também por isso o tratamento é multidisciplinar, com dermatologista, psiquiatra, psicólogo e até dentista, uma vez que os dentes podem ficar desgastados nesse processo.
“Roer a unha, comer a unha alivia a tensão. Por isso [a pessoa] mantém [o hábito].
Tem ainda aqueles que, além de roer, comem a unha. Um problema que pode ser ainda pior, já que pode gerar um trauma interno — além claro, das sujeiras que podem estar incrustradas nela.
“Você pode arranhar a parte do esôfago, você pode arranhar a parte da do estômago. Então isso pode gerar, realmente, uma uma alteração gastrointestinal nesse paciente.”
Acha que acaba aí? Não… Depois de roer a unha até o limite, há, ainda, quem coma as pelinhas laterais.
“Pode entrar uma bactéria naquele local. E aí vai ter um processo inflamatório, infeccioso, podendo gerar pus, secreção…. Pode precisar de antibiótico, o que complica o quadro.”
Passar pimenta?
Antigamente, principalmente em crianças, pais tinham o hábito de passar até pimenta nos dedos dos filhos na tentativa de que parassem com o vício. Uma ideia totalmente repudiada por especialistas.
Para além do tratamento com profissionais de saúde específicos de cada caso, Leverone explica que é até possível que passar alguns tipos de esmaltes recomendados por dermatologistas, mas que o tratamento, de fato, precisa ser na cabeça.
No caso de crianças e adolescentes, é ainda mais importante que os pais estejam atentos ao que está por trás desse comportamento — dificuldades na escola, com colegas, problemas de relacionamento, tensão com o vestibular…
“Mas assim, sinceramente, não alivia, porque o ato de comer a unha é compulsivo. Então ele vai continuar comendo mesmo que seja amargo. Ele vai se adaptar ao gosto amargo”, complementa Leverone.
Fonte: G1/Bem EStar