ARACAJU/SE, 25 de abril de 2025 , 20:09:11

XP vai à Justiça para reaver perdas com asset de sobrinhos de Arminio Fraga

A XP planeja processar a TT Investimentos, gestora dos sobrinhos do ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga, sob a alegação de que tem a receber cerca de R$ 46 milhões por prejuízos incorridos no ano passado.

Para que possa avaliar a extensão das responsabilidades, a XP US, corretora da empresa nos Estados Unidos, pede acesso a documentos da gestora, como regulamento dos fundos, cópias de extratos e comunicações enviadas a cotistas.

O documento, protocolado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, passou a correr em segredo de Justiça nesta segunda-feira. O Valor teve acesso à petição na sexta-feira, antes que o sigilo fosse estabelecido.

Em setembro, veio à tona que a TT Investimentos perdera quase todo o patrimônio com operações alavancadas envolvendo ações de companhias americanas. Na ocasião, circulou a uma carta assinada por Arthur Bahia. Nela, o gestor se desculpava com os cotistas e dizia que as perdas decorreram de uma operação envolvendo compra e venda de opções de ações de uma empresa americana, a Clarus, fabricante de equipamentos para atividades ao ar livre, como escalada e esqui.

A gestora era a responsável pela gestão de quatro fundos de investimentos: TT Global Equities; TT FIM IE; Rocinante Fund 1 e Rocinante Fund 2. Todos eles tinham sede nas Ilhas Cayman e as operações nos Estados Unidos utilizavam a XP US como corretora para realizar as operações. A empresa diz, na petição, que “manteve constantes conversas” com Bahia com o objetivo de encontrar uma solução para os problemas que enfrentava.

Segundo o documento enviado à Justiça, como consequência de oscilações no mercado, as operações que a TT Investimentos havia executado estavam gerando significativas chamadas de margem e os fundos não possuíam patrimônio para honrá-las. E o executivo garantia que, se fosse o caso, as operações seriam cobertas pelos cotistas, conforme determinado pelo regulamento dos fundos.

“Em rigorosamente todas as conversas que manteve com os representantes da XP US, o sr. Arthur acalmava os ânimos dos seus interlocutores invocando o que seria uma grande carta na manga: os quotistas dos fundos”, afirma o documento. Entre eles, estavam nomes como Arminio Fraga e o empresário Jorge Paulo Lemann.

A XP US alega que grande parte das perdas deixadas na ocasião foi paga por ela, especialmente no TT Global Equities. E afirma que até o momento não houve reparação dos prejuízos.

“A liquidação de todos os ativos mantidos pelo TT Global Equities não foi suficiente para adimplir as obrigações que ele havia assumido perante as suas contrapartes nas operações em bolsa. E, por isso, a XP US foi obrigada a pagar essa conta. Em 15 de setembro de 2022, depois de arcar com o calote, a XP US os notificou para que efetuassem o devido reembolso, no valor total histórico de US$ 9.262.345,89.”

O pedido ao TJRJ diz ainda que todas as esperanças que a XP US tinha de receber o seu crédito “se esvaíram” quando descobriu que os cotistas dos fundos decidiram liquidá-los nas Ilhas Cayman sem pagar o que devem a ela. “Muito em breve, portanto, os Fundos deixarão de existir e a XP US provavelmente ficará a ver navios”, acrescenta a XP.

“Somente a partir da exibição dos documentos acima elencados é que a XP US poderá avaliar com a precisão necessária a extensão da responsabilidade de todos e cada um dos envolvidos no prejuízo que sofreu por obra dos requeridos e, assim, pleitear a reparação de tal prejuízo, seja contra os próprios requeridos e/ou os cotistas dos fundos”, afirma. Procurado, Bahia não comentou.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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