ARACAJU/SE, 16 de setembro de 2025 , 18:02:51

Entenda como carros com tanques adaptados são usados para denunciar combustível adulterado em postos no Brasil

 

Carros com tanques adaptados estão sendo usados para descobrir fraudes em postos de abastecimento.

O carro que passa despercebido no trânsito tem uma missão importante: recolher combustíveis nos mais de 45 mil postos espalhados pelo país.

O veículo é a ferramenta principal do programa “Cliente Misterioso” do Instituto Combustível Legal.

“Isso é feito em postos com bandeira, sem bandeira, no Brasil inteiro e em regiões onde a gente percebe, por exemplo, que tem entrada de metanol em determinada região”, explica Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal.

Do lado de fora esse carro é igual aos outros. A diferença é que ele carrega cinco tanques escondidos lá no porta-malas. Isso permite que técnicos se passem por clientes e possam recolher amostras de combustíveis em todo o país. Depois, a gasolina, o etanol e o diesel são analisados em laboratório.

De janeiro a agosto de 2025, o Cliente Misterioso analisou mais de 2.200 amostras de gasolina, etanol e diesel recolhidas em 13 estados: 25% estavam fora do padrão exigido. A gasolina lidera esse ranking, seguido pelo diesel e o etanol. A irregularidade mais comum é a adulteração do combustível, como um teor de etanol acima do permitido na gasolina.

Os técnicos também observam um número significativo de fraudes na bomba – quando o cliente leva menos combustível do que pagou. Há casos ainda em que uma mesma amostra tem problemas tanto na qualidade quanto na quantidade.

Um mapa feito com os dados das análises mostra que os estados de São Paulo, Rio, Minas, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Bahia concentram mais postos com combustível adulterado.

“O impacto dessas fraudes operacionais, da sonegação, é muito grande para o mercado. Você infelizmente provoca uma concorrência desleal muito forte, atrapalha a arrecadação do governo federal, atrapalha os estados e impede que o consumidor, que é a maior vítima nesse processo, possa ter tranquilidade para abastecer”, ressalta o presidente do Instituto Combustível Legal, Emerson Kapaz.

Hoje, os resultados das análises feitas pelo programa Cliente Misterioso são compartilhados com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que já faz um monitoramento geral do mercado nacional de combustíveis. Mas os números da ANP mostram que as fraudes atingem uma fatia pequena do mercado – uma vez que a fiscalização da agência não é focada apenas nos postos em que há denúncias de irregularidades.

“O índice de conformidade no país é de 97%. Então, a inconformidade, os problemas, repousam sobre 3% dos combustíveis. E é sobre esses 3% que a ANP e outros órgãos focam sua atenção”, comenta o superintendente de Fiscalização do Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo Júlio Nishida.

A atenção foi redobrada depois da megaoperação de agosto, que revelou a infiltração do PCC em toda a cadeia de produção, distribuição e venda de combustíveis. A ANP fez mais de 9 mil fiscalizações no país e aplicou quase 3 mil autuações por infrações diversas.

“A ANP vem tendo uma troca de informações constante tanto com o Ministério Público como com os demais órgãos que participaram da operação para analisar cada aspecto que envolve essa lista de postos. A ANP está tendo uma atuação forte, constante, para coibir e evitar que essa prática chegue até o consumidor”, afirmou o superintendente de Fiscalização do Abastecimento da ANP, Júlio Nishida.

Fonte: Jornal Nacional

 

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