ARACAJU/SE, 4 de maio de 2024 , 1:36:56

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Maior buraco negro estelar da Via Láctea é detectado

 

Localizado a cerca de 2.000 anos-luz da Terra, Gaia BH3, ou simplesmente BH3, é um buraco negro que merece destaque em meio às maravilhas celestes da Via Láctea. O que o torna notável é seu tamanho extraordinário: ele é o maior buraco negro estelar da galáxia, com uma massa 33 vezes maior que a do Sol.

É importante esclarecer que, embora impressionante, o Gaia BH3 não é o maior buraco negro da Via Láctea. Este título pertence a Sagitário A*, que é um buraco negro supermassivo com uma massa quatro milhões de vezes maior que a do Sol. No entanto, o BH3 é o maior buraco negro formado a partir do colapso de uma estrela, conhecido como buraco negro estelar.

Sua magnitude não passa despercebida, especialmente considerando que os buracos negros estelares previamente identificados tendem a ter cerca de dez vezes a massa do Sol, em média. Para colocar em perspectiva, o segundo maior buraco negro conhecido, Cygnus X-1, tem aproximadamente 21 vezes a massa solar, o que é significativamente menor do que o BH3.

As proporções surpreenderam até mesmo os astrônomos envolvidos no projeto. “É o tipo de descoberta que se faz uma vez na vida de pesquisa”, disse em nota Pasquale Panuzzo, astrônomo do Centro Nacional de Pesquisa Científica do Observatório de Paris e colaborador na Missão Gaia. Além de ser o maior buraco negro estelar, ele também é o segundo mais próximo da Terra.

Para confirmar a sua descoberta, a colaboração Gaia utilizou dados de observatórios terrestres, incluindo do instrumento Ultraviolet and Visual Echelle Spectrograph (UVES), localizado no deserto chileno do Atacama. Estas observações revelaram propriedades-chave de uma estrela companheira do BH3, que, juntamente com os dados de Gaia, permitiram aos astrônomos medir com precisão a massa do buraco negro.

Os pesquisadores encontraram corpos celestes de massa semelhante fora da nossa galáxia e teorizaram que eles podem se formar a partir do colapso de estrelas com muito poucos elementos mais pesados ​​que o hidrogênio e o hélio em sua composição química. Pensa-se que estas chamadas estrelas pobres em metais perdem menos massa ao longo das suas vidas e, portanto, têm mais material sobrando para produzir buracos negros gigantes após a sua morte. Mas faltavam até agora evidências que ligassem diretamente estrelas pobres em metais a buracos negros de grande massa.

Estrelas aos pares tendem a ter composições semelhantes, o que significa que a companheira de BH3 contém pistas importantes sobre a estrela que entrou em colapso para formar este buraco negro excepcional. Os dados UVES mostraram que a companheira era uma estrela muito pobre em metais, indicando que a estrela que entrou em colapso para formar BH3 também era pobre em metais — tal como previsto.

Outras observações deste sistema poderão revelar mais sobre a sua história e sobre o próprio buraco negro. Outros instrumentos montados na base do Deserto do Atacama, por exemplo, poderão ajudar a descobrir se este buraco negro está absorvendo matéria do seu entorno e a compreender melhor este objeto interessante.

Fonte: VEJA

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