Uma análise do movimento em torno das canções de Gilberto Gil no contexto brasileiro dos anos 60 até hoje, é o resultado da publicação do doutor em linguística, jornalista e escritor Pedro Henrique Carvalho Varoni, no livro “A Voz que Canta na Voz que Fala”. Um estudo que, segundo o autor, retrata as questões políticas de resistência da ditadura militar, da volta da democracia na voz do cancionista e compositor.
Pedro Varoni é um dos expositores da primeira edição do Espaço Cultural da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em 2016 que acontece na próxima terça-feira (15), a partir das 17h30, no hall de entrada do Parlamento Legislativo. Um espaço criado para valorizar a Cultura com diversidade e inovação.
De acordo com Varoni, a pesquisa do doutorado em linguística na Universidade Federal de São Carlos, que resultou no livro, mostra o impacto que foi o tropicalismo como acontecimento que mudou estética e politicamente a cultura brasileira. “Gilberto Gil sempre foi um compositor que trouxe temas inusitados que hoje são comuns, mas que para época, eram bastante polêmicos. Gil levantou a bandeira da igualdade dos gêneros e racial nas músicas. Ele sempre foi um artista a frente do tempo dele”, disse.
A admiração do escritor pelo compositor baiano começou na infância, quando enxergou nas letras uma visão critica da realidade social da época que o ajudou a escolher a profissão. “Através das letras, que no meu entender é uma rede de recados, percebia que o tropicalismo era mais ousado que o movimento da Jovem Guarda”, ressaltou Varoni.
O lançamento dos discos Refazenda, Refavela e Realce na década de 1970, trazia um manifesto, lembrou Pedro Varoni. Gil, na sua opinião, foi um vanguardista, o que o ajudou no trânsito internacional como ministro que tocou por duas vezes na ONU. “Com todo esse repertório constituído nos anos 60 e 70 ele trouxe a mensagem pacifista de um Brasil mestiço de um Brasil que pode dar certo”, concluiu.
Fonte: Agência Alese