Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Othelo, morreu no dia 26 de novembro de 1993, aos 78 anos. Trinta e um anos depois de sua partida, o grande público poderá conhecer uma visão íntima e pessoal do ator que se tornou um ícone na cultura brasileira.
Estreia dia 5 de setembro nos cinemas “Othelo, O Grande”. O filme dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos, que levou o Prêmio Redentor de Melhor Documentário no Festival do Rio, traz imagens raras de arquivo, feitas em pesquisas na Cinemateca Brasileira e revela diferentes facetas do artista.
Othelo fez nome no cinema , trabalhando com nomes como o norte-americano Orson Welles, o alemão Werner Herzog, o francês Marcel Camus e os brasileiros Joaquim Pedro de Andrade, Júlio Bressane e Nelson Pereira dos Santos.
O ator usou esse espaço para moldar sua própria narrativa e discutir o racismo institucional que o assombrou por oito décadas, duas ditaduras e mais centena de filmes.
O documentário conta com a narração em primeira pessoa de Zezé Motta. A atriz atuou com ele em dois filmes, “A Força de Xangô”, de Iberê Cavalcanti (1977), e “Quilombo”, de Cacá Diegues (1984). Além de trabalhar com Othelo, ela também era sua amiga.
“Era uma pessoa de personalidade forte, muito sério não só como pessoa, mas também como profissional. Um excelente ator, muito desconfiado e tinha ressentimento pela falta de reconhecimento da grandeza da sua arte e de seu talento, isso por conta do seu cachê não corresponder ao seu talento. Ele tinha essa mágoa”, lembra Zezé, que se sentiu honrada com o convite para ser narradora do filme. “Foi um privilégio”.
Trajetória
“Othelo, O Grande”, participou de diversos festivais nacionais e internacionais e terá pré-estreia no 13th BlackStar Filme Festival neste mês, nos Estados Unidos.
Grande Othelo nasceu no dia 18 de outubro de 1915, em Uberlândia, Minas Gerais. Negro, umbandista, e pai de cinco filhos, ele teve uma vida marcada por tragédias desde a infância até a sua morte.
Para o diretor Lucas H. Rossi, fazer o filme foi um movimento ancestral:
“Visto que todos nós, negros que trabalhamos com arte no Brasil, seguimos seus rastros ao longo de nossos caminhos. (…) Ele foi um dos maiores artistas do Brasil e o primeiro ator negro conhecido nacional e internacionalmente.”
O filme é produzido pela Franco Filmes, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil, Prefeitura do Rio, por meio da RioFilme, órgão da Secretaria Municipal de Cultura, e Baraúna Filmes, com distribuição da Livres Filmes.
Fonte: GShow