ARACAJU/SE, 2 de maio de 2024 , 9:50:58

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EBC vive novo momento com foco na expansão e tecnologia

Por Cláudia Lemos

A entrevista da semana é com a Diretora Geral da Empresa Brasil de Comunicação – EBC, a professora Maíra Bittencourt, do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Sergipe. Maíra é jornalista e pós-doutora em Comunicação e Artes e assumiu o cargo em dezembro de 2023. A EBC trabalha com emissoras de rádio, de TV, as agências de comunicação e também com plataformas digitais, sejam elas as redes sociais, os sites ou as plataformas de streaming.  Ao Jornal Correio de Sergipe e ao Portal de Notícias AJN1, Maíra explica o papel da EBC, a diferença entre Comunicação Governamental e Comunicacao Pública e também sobre o projeto de expansão da Rede Nacional de Comunicação Pública, que está sendo colocado em prática e sobre o projeto do retorno da TV Brasil Internacional. Destaca que a EBC está num momento de reconstrução e fortalecimento de projetos importantes e detalha o envolvimento da EBC nas discussões que permeiam a TV 3.0, articulando as emissoras públicas para essa nova tecnologia. Maíra também ressalta o papel da EBC de produzir conteúdo de qualidade que possa se contrapor ao cenário de desinformação, levando jornalismo e entretenimento de qualidade para a população, seja por meio da televisão, do rádio ou das redes. Confira a entrevista a seguir:

 

Jornal Correio de Sergipe/ Portal AJN1 – Maíra, como tem sido o desafio de comandar a Diretoria Geral da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)?

Maíra Bittencourt – É uma grata oportunidade de contribuir para a comunicação pública e governamental do país. Estamos num momento de reconstrução e fortalecimento de projetos importantes, como a Rede Nacional de Comunicação Pública, composta por emissoras de rádio e TVs públicas de todo país, temos também o desafio de retomar a Participação Social na EBC, de acompanhar o desenvolvimento da TV 3.0, articulando as emissoras públicas para essa nova tecnologia, e de produzir conteúdo de qualidade que possa se contrapor ao cenário de desinformação, levando jornalismo e entretenimento de qualidade para a população, seja por meio da televisão, do rádio ou das redes.

 

CS/AJN1 – Qual é o papel da EBC?

MB – A EBC é uma empresa pública de comunicação com papel de trabalhar tanto com comunicação pública quanto com a comunicação governamental por meio de seus veículos de rádio, televisão, agências e plataformas digitais. Cabe ainda a  EBC o papel de articuladora da Rede Nacional de Comunicação pública, sendo protagonista nessa amplificação das estruturas de comunicação pública espalhadas pelo país.

 

CS/AJN1 – Qual o conceito e qual a importância da comunicação pública?

MB – A comunicação pública é complementar a comunicação privada. Na privada há uma linha editorial ligada ao veículo em questão. Na comunicação pública espera-se uma linha editorial abrangente e que contemple as diversidades sociais, culturais, étnicas, políticas, regionais, de gênero e etnias. A comunicação pública tem por missão servir à sociedade, oferecendo transparência pública, informações e entretenimento de qualidade, com pluralidade de vozes, sotaques, estilos de vida tendo um olhar atento para a educação, a ciência, o desenvolvimento tecnológico, os projetos sociais, a literatura, a arte e aquilo que compõe a cultura brasileira. A comunicação pública é um serviço para a sociedade é um direito de cada cidadão.

 

CS/AJN1 –  – As pessoas confundem muito a diferença entre comunicação pública e a comunicação governamental. Você pode explicar qual o papel de uma e de outra?

MB – A comunicação governamental é aquela que trata das questões do governo. Na comunicação governamental se faz cobertura dos atos dos gestores públicos no exercício da sua atividade profissional, seja esse gestor o presidente da república, ministros, secretários entre outros agentes políticos. O intuito é evidenciar aquilo que vem sendo feito em termos de políticas públicas, entregas, realizações, discussões de projetos entre outros atos e ações dos governantes. Ela é importante porque é uma forma de dar transparência pública para o trabalho de quem é eleito e deve desenvolver e entregar ações em prol da sociedade. Acompanhar essas atividades é ter condições adequadas de fiscalização, de cobrança e também de usufruir daquilo que é entregue. A comunicação governamental, assim como a pública, também é um serviço para a sociedade, mas essa, um serviço de comunicação com um viés específico para as ações do governo.

Já a comunicação pública não tem foco no governo e sim na sociedade. Ela deve tratar das mais diversas pautas que permeiam a vida social, sempre contando com a multiplicidade de olhares, sotaques, culturas e modos de vida. Ela é um serviço social com olhar atento para as temáticas que permeiam a vida das pessoas, sejam elas relacionadas a educação, artes, ciência, qualidade de vida ou outras pautas do campo do entretenimento ou do jornalismo, prezando sempre pela qualidade e profundidade editorial.

 

CS/AJN1 – Quantos canais de comunicação a EBC tem hoje pelo Brasil ?

MB – A EBC trabalha com emissoras de rádio, de TV, as agências de comunicação e também com plataformas digitais, sejam elas as redes sociais, os sites ou as plataformas de streaming. Contamos com 4 sedes próprias e mais de 90 instituições parceiras em todo território nacional.

 

C/AJN1– Falando especificamente das emissoras de rádio, quantas são?

MB – Temos as rádios próprias, sendo elas: a Rádio Nacional, a Rádio MEC e a Nacional da Amazônia. Elas estão presentes em diferentes municípios sendo transmitidas em canais próprios ou de parceiros.

Nos gráficos abaixo temos os números exatos de rádios e TVs com o cenário de expansão da rede e as novas parcerias.

No início de 2023 era 34 emissoras de rádio.

Hoje temos parceria para 155 emissoras. No início de 2023 eram 62 emissoras de TV. Hoje temos parceria para 117 emissoras.

Vale salientar que essas novas  emissoras estão em processo de implantação, ou seja, firmamos acordos com as instituições mas elas ainda não estão todas em funcionamento. Temos o desafio agora de estruturação delas, seja na aquisição de equipamentos de transmissão seja na composição de estúdios e equipes de trabalho junto com nossos parceiros.

 

CS/AJN1 – Gostaria que você explicasse sobre o processo de expansão da Rede Nacional de Comunicação Pública, que está sendo trabalhado por meio de parcerias com universidades federais, institutos federais e universidades estaduais e municipais. O que já foi obtido e quais os próximos passos?

MB – A Rede Nacional de Comunicação Pública está prevista na lei de criação da EBC. Dessa forma, entre as atribuições da EBC está justamente a articulação dessa ampla rede composta por emissoras públicas em todo território nacional. A EBC já contava com muitas parceiras, mas em 2023 deu um salto histórico ampliando sua rede de parceiras tanto de rádio quanto de TV. Essa expansão, com as instituições de ensino, é muito significativa, visto que são instituições públicas que tem em seus princípios e entregas as temáticas que são caras para a comunicação pública, bem como são espaços importantes de pluralidade de debates que prezam pela autonomia e pela defesa da democracia. Até o momento foram firmadas as parcerias. O próximo passo é a implantação dessas emissoras. A implantação é um processo um tanto longo, pois envolve desde a consignação de canal, passando pelo licenciamento, projeto de engenharia de infraestrutura física de transmissão, licitação de equipamentos de transmissão e de operação, constituição de equipe, estruturação de estúdios até mesmo a parte de produção de conteúdos.

A EBC acompanha os parceiros em cada uma dessas etapas. É uma construção efetivamente coletiva.

 

CS/AJN1 – Vocês estão com nova grade de programação, com a volta do Sem Censura, por exemplo. Quais as outras novidades?

MB – Sim, são muitos os programas novos, sejam eles de produção própria, coprodução ou aquisição. Tivemos recentemente a retomada do Sem Censura, um sucesso já consolidado da TV Brasil. Temos ainda a entrada dos jogos femininos de futebol e basquete, trazendo essa visibilidade para os esportes femininos brasileiros. Estamos ainda com estreias dos produtos desenvolvidos via edital do Prodav TVs Públicas e de programas novos advindos das nossas emissoras parceiras.

 

CS/AJN1 – Fale um pouco sobre o Canal Educação e o Canal Saúde.

MB – Os Canais Educação e Saúde, assim como o Canal Gov, são canais da nossa multiprogramação de TV. São produções regidas por contratos com ministérios específicos, nos quais a EBC presta serviços de comunicação tanto na produção quanto na  exibição dos conteúdos.

 

CS/AJN1 – O Brasil vive a expectativa da implantação da TV 3.0, uma nova geração da TV Digital. Como vocês já estão trabalhando nessa nova perspectiva?

MB – A EBC está envolvida nas discussões de tudo que permeia a TV 3.0, seja no âmbito de aplicativos, das possibilidades de interação, seja no planejamento de infraestrutura física de distribuição desse novo modelo audiovisual. A EBC faz parte do GT de TV 3. 0 instituído pelo Ministério das Comunicações para debater a temática com todos os radiodifusores do país, bem como com as associações e instituições que pesquisam e debatem sobre o audiovisual. Além disso, a EBC coordena um GT específico de Tv 3.0 das emissoras públicas, no qual são debatidas as especificidades do campo público, em especial das duas redes nacionais, a RNCP e a Rede Legislativa.

 

CS/AJN1 – Quais os planos da EBC para o futuro?

MB – Para além da implantação das dezenas de novas emissoras de rádios e TVs que compõe a Rede Nacional de Comunicação Pública, que serão responsáveis pelo fortalecimento da comunicação pública nos estados e municípios, a EBC está engajada em pensar o futuro do audiovisual no campo da TV 3.0 e do streaming. Estamos ainda com o projeto da TV Brasil Internacional, a retomada da participação social, os investimentos em novas programações, com destaque para a cobertura esportiva feminina e para as coproduções com nossa rede de emissoras públicas, e no investimento em um jornalismo diferenciado.

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