O suíço Joseph Blatter, 79 anos, renunciou hoje (2) à presidência da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Desde o último dia 27, quando as autoridades de Justiça dos Estados Unidos e da Suíça deflagaram uma grande operação internacional contra a corrupção no futebol, a entidade tem sido obrigada a explicar as denúncias de que seus principais dirigentes cobravam propina para negociar contratos de marketing, transmissão de jogos e a escolha dos países-sede da Copa do Mundo.
A renúncia foi anunciada há pouco, pelo próprio Blatter, durante pronunciamento em Zurique, na Suíça. Uma nova eleição para escolher o sucessor do suíço será agendada. Até lá, Blatter continuará no comando da entidade.
"Embora eu tenha sido eleito para um novo mandato pela comunidade da Fifa, não sinto que eu tenha um mandato conferido pelo mundo inteiro do futebol – os torcedores, os jogadores, os clubes, as pessoas que vivem, respiram e amam o futebol, tanto quanto nós o fazemos aqui na Fifa", reconheceu o presidente da Fifa, antes de anunciar que colocaria seu cargo à disposição do congresso extraordinário. "O meu profundo cuidado com a Fifa e seus interesses, com os quais eu lido com muito cuidado, me levaram à tomar esta decisão".
O próximo congresso ordinário da Fifa está marcado para o dia 13 de maio de 2016, na Cidade do México. Para Blatter, adiar a escolha do novo mandatário do futebol mundial seria um "atraso desnecessário", por isso a decisão de convocar uma reunião para este fim. "Tudo precisa ser feito de acordo com os estatutos da Fifa e devemos conceder tempo suficiente para que os melhores candidatos se apresentem e apresentem suas propostas", completou.
Ainda durante o anúncio, Blatter anunciou um programa de reformas significativas na entidade. Entre as medidas citadas pelo presidente em seu pronunciamento estão a redução do Comitê Executivo e eleições de seus membros pelo congresso da Fifa, além de limitar o número de mandatos tanto do presidente quanto dos membros do Comitê Executivo, que atualmente podem concorrer a inúmeras reeleições.
"De acordo com os estatutos da Fifa, é necessário um prazo de quatro meses para que uma eleição presidencial aconteça. A Fifa também considera esperar o tempo apropriado para autorizar ou vetar candidaturas e permitir que eles apresentem suas ideias para a organização. Portanto, apesar da decisão sobre quando será o congresso extraordinário e a eleição de novo presidente cabe ao Comitê Executivo, a expectativa é que isso aconteça entre dezembro deste ano e março do ano que vem", detalhou Domenico Scala, presidente do Comitê de Auditoria da Fifa e recém-nomeado chefe do comitê eleitoral.
Joseph Blatter foi reeleito para um quinto mandato como presidente da Fifa na última sexta-feira (29), depois que seu único oponente, o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, desistiu de disputar um segundo turno. Na primeira rodada de votação, Blatter obteve 133 votos – sete votos a menos do que precisava para vencer sem a necessidade da segunda rodada. Al Hussein conseguiu 73 votos. No site da instituição, o currículo de Blatter aponta que ele foi jogador amador de futebol na suíça. De jogador discreto, ele se tornou um cartola conhecido: antes de chegar à presidência, foi secretário-geral da entidade.
Ele chegou à Fifa em 1975, depois de passar por federações de hóquei no gelo, organizações de Olimpíadas e pelo time suíço do Neuchâtel Xamax. Eleito presidente em 1998 e reeleito em 2002, 2007, 2011 e 2015., Blatter sucedeu o aliado João Havelange (que ficou 24 anos no poder) e sofreu abalos com denúncias de corrupção dentro da entidade.
Fonte: EBC
