Crônica do jogo, por Joângelo Custódio
Tinha tudo para ser mais um daqueles tradicionais massacres. Era um time de pouca expressão e com sotaque nordestino contra um adversário consagrado na elite do futebol nacional, acostumado com os holofotes midiáticos e com a maior torcida do Brasil a seu favor.
Essa foi a errônea expectativa que pairou sobre o confronto entre Confiança e Flamengo antes da bola rolar, pela primeira rodada da Copa do Brasil. E, de fato, foi o que se desenhou logo no início do jogo, realizado na noite dessa quarta-feira (16), na Arena Batistão, em Aracaju, com mais de 15 mil torcedores, sendo 65% a favor do escrete carioca.
O que se viu foi o time azulino nervoso, sem trocar três passes seguidos, um elenco tonto diante do rubro-negro carioca, que passeava pelo “tapete verde” do Batistão.
Cartão Vermelho
O nervosismo aparente se resumiu na expulsão, logo aos 8 minutos do primeiro tempo, do atacante azulino Elielton. Ele tentou tomar a bola do meia Ederson e acabou acertando um golpe típico de UFC: chute no meio do rosto do rubro-negro, que desabou na hora, mas nada que o afastasse da partida.
Com um homem a menos, o Flamengo, naturalmente, foi para cima. E obteve as melhores chances de abrir o marcador com Ederson e o peruano Guerrero. Mas foi Emerson Sheik, ao 18 minutos, que quase marcou um golaço por cobertura. Aos 25, Ederson também quase colocou a bola pra dentro, em chute forte no canto direito do goleiro Rafael Sandes, considerado o herói da partida com defesas extraordinárias.
E não é exagero afirmar que Rafael fez milagres. Aos 37 minutos, ele evitou um lance claro de gol, ao defender um chute do famigerado atacante Guerrero. E o placar não saiu do 0 a 0 no primeiro tempo, não muito justo pelo volume de jogo apresentado pelos cariocas comandados pelo gabaritado Murici Ramalho.
2ª Etapa
Com um time mais retrancado, o técnico Betinho, do Confiança, que ganhou elogios dos comentaristas da TV Globo, pediu mais calma ao elenco. Ele sabia que o empate seria formidável para levar a segunda partida para o Rio de Janeiro. E o escrete azulino respondeu a contento. É verdade que o flamengo continuou dominando o jogo, mas o que se viu foi um Confiança mais atento, brigando por cada pedaço de campo e da bola. Sendo, muitas vezes, agressivo e violento na marcação.
Aos 30, o atacante Marcelo Cirino recebeu livre e chutou forte, de longe, mas o arqueiro Rafael Sandes foi na bola no tempo certo e fez mais uma defesaça.
O Gol
Já aos 34, numa bobeira do time carioca, o Confiança puxou contra-ataque. Walace Pernambucano arrancou pela direita e cruzou para Everton chutar certeiro, no alto, indefensável para o goleiro Paulo Victor, que até então nem tinha tocado na bola.
Era o gol do desacreditado Confiança. Era o gol da vitória azulina que, mesmo com a torcida em menor número e jogando mais na raça que técnica, fez mudar a escrita das páginas do jornais desta quinta-feira (17), dia do aniversário de Aracaju.
Com o resultado, o Confiança conseguiu levar a segunda partida para o Rio de Janeiro, no próximo dia 13 de abril. Se tivesse vencido por dois gols de diferença, o time proletário teria eliminado o rubro-negro. O azulino do Bairro Industrial embolsou também quase R$1,5 milhão.
Próximos jogos
O Confiança enfrenta o Sergipe no domingo (20) pelo campeonato Sergipano. Já o Flamengo pega o Fluminense pelo Carioca.