ARACAJU/SE, 9 de outubro de 2024 , 10:50:19

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Exército de Israel mata outro comandante do Hezbollah no Líbano

 

O Exército de Israel matou outro dirigente do grupo xiita libanês Hezbollah em um ataque aéreo realizado no sábado no sul de Beirute. Nabil Qaouk foi apontado pelas forças do Estado judeu como comandante da unidade de segurança interna e membro do conselho executivo da organização político-militar, que confirmou a morte, sem oferecer mais detalhes.

O anúncio foi feito um dia após o Hezbollah confirmar a morte de seu líder, Hassan Nasrallah, em um bombardeio israelense contra o quartel-general do grupo na capital do Líbano. À AFP, uma fonte próxima ao grupo xiita confirmou que Qaouk morreu em um ataque e que o libanês era um membro sênior da organização.

As Forças Armadas de Israel afirmaram, em comunicado, que o “terrorista Nabil Qaouk, comandante da unidade de segurança” do Hezbollah, foi “eliminado”. Considerado “próximo da cúpula da organização terrorista”, continua o texto, “ele estava diretamente implicado na promoção de planos terroristas contra o Estado de Israel e seus cidadãos, inclusive nos últimos dias”. O Hezbollah, por sua vez, também em comunicado, confirmou “o martírio do estimado estudioso mujahid Sheikh Nabil Qaouk”, em ataque israelense em Chyah, um subúrbio de Beirute.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo que “o assassinato não ficará sem resposta”. O presidente do parlamento iraniano, Mohammad Baqer Qalibaf, afirmou que os grupos armados alinhados ao Irã continuarão a confrontar Israel após as mortes de Nasrallah e Qaouk. “Não hesitaremos em ir a qualquer nível para ajudar a resistência”, disse Qalibaf. O parlamentar também afirmou que os EUA são “cúmplices e terão de aceitar as consequências”.

Qaouk se juntou ao Hezbollah na década de 1980 e ocupou diversos cargos de responsabilidade, segundo o comunicado do Exército. Ele frequentemente aparecia na mídia local, comentando sobre política e segurança do Líbano, e fez discursos em funerais de militantes graúdos do grupo, informou a Associated Press. Os Estados Unidos anunciaram sanções contra ele em 2020.

Nas últimas semanas, vários comandantes seniores do Hezbollah foram mortos em ataques israelenses, incluindo membros fundadores do grupo que conseguiram escapar da morte ou da prisão por décadas e que eram próximos de Nasrallah.

Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas de suas casas no Líbano devido aos últimos ataques. O governo estima que cerca de 250 mil estão em abrigos, com três a quatro vezes mais permanecendo com amigos ou parentes, ou acampando nas ruas, segundo o ministro do Meio Ambiente, Nasser Yassin.

Ataques continuam

A morte de Nasrallah e as ondas de ataques nas últimas semanas em redutos do Hezbollah em todo o Líbano mergulharam o pequeno país mediterrâneo — e a região — no temor por uma possível escalada do conflito. Também neste domingo, Israel afirmou ter atacado “dezenas” de alvos do Hezbollah no território libanês, após ter realizado “centenas” de ofensivas na sexta e no sábado.

A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou uma série de ataques na cidade de Baalbek, no leste, com “fábricas, armazéns” e áreas residenciais entre os alvos. Pelo menos seis pessoas foram mortas em um ataque a uma casa na região nordeste de Hermel, informou a agência, enquanto um grupo de resposta a emergências vinculado ao movimento Amal, aliado do Hezbollah, disse que cinco de seus socorristas foram mortos no sul.

O Hezbollah afirmou que seus combatentes lançaram “uma salva de foguetes Fadi-1” contra uma base israelense nas Colinas de Golã na manhã de domingo. O Exército israelense reportou “aproximadamente oito” lançamentos do Líbano que caíram em áreas não povoadas perto do território anexado por Israel e que é legalmente parte da Síria, segundo a ONU.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no sábado que Israel “ajustou contas” com a morte de Nasrallah, enquanto o porta-voz militar israelense Daniel Hagari afirmou que o mundo agora era “um lugar mais seguro” sem ele. O presidente dos EUA, Joe Biden — cujo governo é o principal fornecedor de armas de Israel — disse que foi uma “medida de justiça para suas muitas vítimas”.

Analistas disseram à AFP que a morte de Nasrallah deixa o Hezbollah, já enfraquecido, sob pressão para responder. Para Heiko Wimmen, do International Crisis Group, ou o grupo lançará “uma reação sem precedentes”, ou será “uma derrota total”. O assassinato também sublinhou a capacidade militar e de inteligência de Israel em sua luta contra seus inimigos.

— Isso demonstra não apenas uma capacidade tecnológica significativa, mas também o quanto Israel penetrou profundamente no Hezbollah — disse James Dorsey, da S. Rajaratnam School of International Studies (RSIS).

O Irã, que apoia o Hezbollah no Líbano, condenou o assassinato de Nasrallah, e o primeiro-vice-presidente do país, Mohammad Reza Aref, disse que a ação levaria à “destruição” de Israel. O enviado do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, pediu ênfase em diplomacia para evitar que Israel “arrastasse a região para uma guerra em larga escala”. E o grupo terrorista Hamas, também aliado da organização xiita, disse que a morte de Nasrallah foi “um ato terrorista covarde”.

Grupos armados aliados em toda a região, como os Houthis do Iêmen, já envolvidos na guerra em Gaza, prometeram ação contra Israel. Neste domingo, um “alvo aéreo não tripulado” que se aproximava de Israel sobre o Mar Vermelho — onde os Houthis já lançaram ataques antes — foi interceptado pelos israelenses. Não houve reivindicação imediata de responsabilidade.

Fonte: O Globo

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