ARACAJU/SE, 27 de julho de 2024 , 0:04:53

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Grupo ligado à Al Qaeda assume morte de ativista LGBT em Bangladesh

O primeiro-ministro de Bangladesh, Sheikh Hasina, acusou a oposição pela morte de um ativista LGBT e de seu amigo, na segunda-feira (25), mas um grupo ligado à facção terrorista Al Qaeda reivindicou a autoria do ataque nesta terça-feira (26).
Julhas Mannan, 35, editor da primeira revista LGBT de Bangladesh e que também trabalhava para Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, foi assassinado a golpes de facão em seu apartamento na capital do país, Dacca, por um grupo de assaltantes que fingiram ser funcionários do correio. Seu amigo, um ator de teatro de 25 anos, foi morto no mesmo ataque.
Na segunda à noite, o premiê culpou o partido de direita Jamaat-e-Islami e o Partido Nacionalista de Bangladesh, que faz oposição ao governo atual, pelas mortes. Repetindo acusações recorrentes, Hasina apontou que a oposição estava orquestrando os ataques para desestabilizar o país, além de retaliar esforços do governo em processar os crimes de guerra cometidos durante a guerra de independência do país, em 1971.
A oposição nega as acusações e diz que o primeiro-ministro recorre a um bode expiatório para explicar as falhas na segurança do país e aplacar o desejo de Bangladesh em instaurar uma lei baseada no islã.

 

No dia seguinte às declarações de Hasina, porém, o Ansar Al Islam, grupo filiado à rede terrorista Al Qaeda, reivindicou a autoria dos ataques, levantando dúvidas se as autoridades têm o controle da situação, como afirma o premiê. O ataque foi o último de uma série de assassinatos de ativistas, ateus, moderados e estrangeiros.
Em uma conta no Twitter que pertenceria à fação terrorista, foi publicado que seus combatentes mataram, em "um ataque abençoado", duas pessoas, "pioneiros na prática e na promoção da homossexualidade e que contam com a ajuda de seus mestres, os cruzados [guerreiros cristãos] dos EUA e seus aliados indianos".
Na segunda, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, classificou os ataques como "bárbaros" e disse que o governo norte-americano apoiará os esforços de Bangladesh para levar os criminosos à Justiça.
Depois do ataque, ao menos cincos jovens foram perseguidos pela polícia e populares. Nenhuma prisão foi feita. "Algumas pessoas perseguiram os agressores, pensando se tratar de ladrões, mas não capturaram nenhum", disse o oficial de polícia Shibli Norman à agência de notícias Associated Press.

 

Investigadores encontraram na cena do crime um celular e uma mochila, aparentemente deixados pelos criminosos. O chefe nacional da polícia, A.K.M. Shahidul Hoque, disse estar confiante de que os assassinos serão presos.
O governo norte-americano e vários grupos de direitos humanos criticaram o governo de Hasina por falhar em manter a sociedade civil segura. No início do mês, os EUA consideravam dar refúgio a um número de blogueiros não religiosos que enfrentam perigo iminente no país.
A ONG de direitos humanos Anistia Internacional lembrou que em Bangladesh relações homossexuais são crime, dificultando que ativistas gays reportem qualquer ameaça. Champa Patel, diretor da ONG no sul da Ásia, disse que "o ataque ressalta a falta de proteção sendo dada no país à vários ativistas pacíficos".

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