ARACAJU/SE, 27 de julho de 2024 , 0:19:46

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Governadores de SE e AL alertam para colapso no abastecimento

O governador de Sergipe, Jackson Barreto, e o governador de Alagoas, Renan Filho, reuniram-se na manhã desta sexta-feira, 15, no município alagoano de Penedo, para discutir ações efetivas para revitalização do São Francisco. Jackson levou a Alagoas uma Nota Técnica de Avaliação dos Impactos Econômicos e Sociais da Redução da Vazão do São Francisco que, assim como os discursos da reunião, será publicada em um livro a ser lançado pelo governo alagoano, como parte dos atos que marcaram a celebração dos 200 anos de Alagoas.

O estudo, elaborado pelo governo de Sergipe, alerta para o risco de um colapso no sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Aracaju e de outros municípios do estado. O documento detalha as ações que o governo vem adotando para atenuar as consequências das sucessivas reduções da vazão do Rio São Francisco, buscando adequar algumas captações, a fim de assegurar o abastecimento dos diversos municípios à beira do Rio São Francisco, o que vem causando transtornos e despesas para a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso).

Umas das principais preocupações dos governadores, a vazão do rio São Francisco vem sendo reduzida de nos últimos anos, baixando de 1.300 m³/s para 600 m³/s, tendo, por fim, chegado a 580 m³/s na última semana. É a maior seca em quase 90 anos. A vazão natural média anual do São Francisco é de 2.846 m³/s, mas ao longo do ano pode variar entre 1.077m³/s e 5.290m³/s.

Para Jackson Barreto, defender o Velho Chico é se atentar à importância que ele tem para o cotidiano do nordestino e para o desenvolvimento da região. O governador de Sergipe explicou que o rio é o principal manancial de capitação de água da Grande Aracaju e que, com essas constantes reduções do nível da água, o sistema encontra-se no limite do ponto de sucção das bombas. “Estamos aqui para fazer um grito de alerta dos estados que são banhados pelo São Francisco. A vazão do rio tem diminuído e pode comprometer o abastecimento de Aracaju e da Grande Aracaju, mais de 1 milhão de pessoas podem ser prejudicadas, quase 50% da população sergipana. Tive que ir a São Paulo, pedir a tecnologia utilizada durante a crise hídrica daquele estado, para prevenir um desabastecimento. Estou apreensivo porque se não chover na cabeceira do rio e no oeste da Bahia, teremos problemas com o abastecimento. Estamos aqui para dizer a Chesf [Companhia Hidroelétrica do São Francisco] e ao governo federal que é preciso uma providência urgente. É o momento de fazer um grito de alerta em defesa do São Francisco. Sergipe, Bahia, Alagoas e Pernambuco são banhados pelo rio, mas Sergipe é o mais prejudicado com a diminuição da vazão. As vozes dos governadores têm um peso maior. A revitalização não pode ser tratada como discurso”, defendeu.

Jackson afirmou, ainda, que a Chesf não pode tomar posição com relação à vazão sem discutir com os governadores dos estados. “Quero que a Chesf assuma a co-responsabilidade, o seu papel perante os estados e os municípios ribeirinhos. A Chesf não está aí apenas para cumprir a política de energia. A Chesf precisa também cuidar do ser humano, do homem. E nós precisamos de água para abastecer nosso povo. Temos que chamar à responsabilidade não apenas da Chesf, mas também, do Ministério das Minas e Energias, e das políticas dos ministérios voltadas ao rio São Francisco. Nós não aceitaremos mais essa política de diminuição da vazão do rio São Francisco, dentro de um critério de análise, exclusivamente, de ordem técnica, voltado para geração de energia e sem demonstração de qualquer compromisso social com os ribeirinhos e com estados que dependem do  São Francisco”, discursou.

Na última segunda, o governador Jackson Barreto e o governador Geraldo Alckmin assinaram termo de cessão de uso, por meio do qual a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) cede à Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, de dois conjuntos motobombas flutuantes utilizados durante a crise hídrica de São Paulo. Os sistemas vão reforçar a captação de água do São Francisco, evitando o colapso no abastecimento da grande Aracaju.

A redução da vazão do rio São Francisco se deve essencialmente à construção de reservatórios para as usinas hidroelétricas ao longo do Rio: Três Marias, Queimado, Sobradinho, Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó. Recentemente, houve autorização da Agência Nacional de Águas – ANA e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para testes com vazões para os patamares de 550 m³/s.

Com informações da ASN

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