ARACAJU/SE, 9 de outubro de 2024 , 22:57:30

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Trump diz que será preso na terça-feira e clama por protestos

 

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou neste sábado (18) em uma postagem on-line que deve ser “preso” na próxima terça-feira, instando sua base a protestar em seu apoio. A declaração do republicano coincide com indícios de que a Promotoria de Manhattan está perto de transformá-lo em réu pelo envolvimento no pagamento de suborno para a atriz pornô Stormy Daniels antes das eleições de 2016.

Especula-se que o grupo comandado pelo promotor distrital Alvin Bragg vá apresentar as acusações contra o ex-presidente na próximas semanas, investigação que é apenas uma das que assobra Trump e seus planos de voltar à Casa Branca em 2024. O cronograma dos procedimentos judiciais não está claro, mas o republicano ainda assim fez a postagem em sua própria rede social, o Truth Social:

“O principal candidato republicano e ex-presidente dos Estados Unidos será preso na terça-feira da próxima semana. Proteste, recupere nossa nação!”, escreveu às 7h26 da manhã (9h26, hora de Brasília), em letras maiúsculas, usando uma retórica não muito diferente da que usava ao repetir as acusações falsas de fraude após a eleição de 2020.

Na mesma postagem, Trump referiu-se a supostos vazamentos no escritório de Bragg, acusando-o de “corrupto”, mas não deixou claro como concluiu que seria detido na terça. Duas horas depois, um porta-voz emitiu um comunicado afirmando que o ex-mandatário não escreveu a postagem com conhecimento prévio sobre o timing de qualquer prisão, acrescentando que ele “está corretamente ressaltando sua inocência e o uso do nosso sistema de injustiça como arma”.

A Promotoria de Manhattan se recusou a comentar o assunto, mas nos últimos dias diversos veículos americanos indicaram que apesar de as acusações contra Trump serem iminentes, seus advogados ainda não foram informados sobre a data em que elas serão emitidas ou de uma possível ordem de prisão. Ao menos uma outra testemunha ainda deve depor à Justiça.

Ao New York Times, uma fonte disse que mesmo que o grande júri — que na Justiça americana pode decidir se há elementos para a abertura formal de processos — decida transformar o ex-presidente em réu, a burocracia faz com que uma prisão na terça seja improvável. Uma advogada de Trump afirmou que ele se baseou em notícias, acusando a Justiça nova-iorquina de “perseguição política”.

Até o momento, há pouca evidência de que os apelos por protestos serão respondidos pelos grupos extremistas que o apoiaram na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Na ocasião, turbas insufladas pelo então presidente entraram na sede do Congresso para tentar impedir a sessão conjunta que certificaria a vitória do hoje presidente Joe Biden.

“Anteriormente, disse que se Trump fosse preso ou estivesse sob risco de prisão, 100 mil patriotas deveriam fechar todas as rotas para Mar-a-Lago (resort na Flórida para onde o ex-presidente se mudou após deixar a Casa Branca)”, escreveu no Telegram Ali Alexander, um dos organizadores dos comícios pró-Trump após a eleição de 2020. “Eu agora estou aposentado. Mas vou rezar por ele!”

Entre os aliados republicanos, deputados ardentes como Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Matt Gaetz, da Flórida, não ecoaram os pedidos por manifestações. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, também correligionário, disse pediu apenas investigações sobre “perseguições politicamente motivadas”.

Trump com frequência diz que as investigações do qual é alvo são uma “caça às bruxas”. Entre elas, por interferência eleitoral no estado da Geórgia e por suas tentativas de reverter o voto popular no pleito de 2020, pagamentos ilegais de campanha e negligência com documentos sigilosos.

O pronunciamento do Truth Social veio um dia após a primeira postagem de Trump no Facebook e no Youtube desde que a suspensão de sua conta foi revertida. A reativação do perfil na rede de vídeos havia ocorrido horas antes, volta que a plataforma de Mark Zuckerberg havia permitido em fevereiro. Ambas redes haviam banido Trump após uma turba de seus apoiadores atacarem o Capitólio.

Em seu retorno às plataformas, Trump postou uma gravação da noite de sua vitória sobre a candidata democrata Hillary Clinton, em 2016. Ao final, surge um anúncio de sua campanha à nomeação republicana para a eleição presidencial de 2024.

Segundo o monitoramento da firma Morning Consult, Trump é o favorito para abocanhar a nomeação republicana no ano que vem, com 52% de intenção de voto entre os filiados do partido, contra 28% do governador da Flórida, Ron DeSantis. É um sinal positivo para o ex-presidente, apesar de o processo de escolha, contudo, não ser por votação direta, mas por primárias nos estados — cada unidade federativa tem um número de delegados, que os representam na convenção partidária que confirma a candidatura.

Stormy Daniels

Os imbróglios judiciais, contudo, podem dificultar os planos do ex-presidente. A investigação realizada por Bragg, por exemplo, diz respeito ao pagamento de US$ 130 mil à Daniels, para que ela não contasse à imprensa sobre um caso extraconjugal que teve com Trump. No início desta semana, ela se reuniu com os investigadores para falar sobre o assunto.

O dinheiro foi dado à ela na reta final da campanha presidencial de 2016 por Michael Cohen, ex-advogado de Trump, que mais tarde foi reembolsado quando o republicano já estava na Casa Branca. Cohen, que há anos diz que foi o ex-chefe que o mandou pagar Daniels para silenciá-la, também deu depoimento ao grande júri sobre o caso. Ela afirma ainda que também deu dinheiro para uma outra mulher pelo mesmo motivo.

Em 2018, Cohen foi acusado de crimes de financiamento de campanha devido aos pagamentos para Daniels e Karen McDougal, uma ex-modelo da Playboy — o argumento central era que silenciá-las traria benefícios nas urnas. O advogado declarou-se culpado, cumpriu pena de prisão e foi expulso da ordem.

Trump nunca foi réu de processos criminais, mas a primeira investigação da qual foi alvo data dos anos 1970. Segundo relatos, a possibilidade de ser preso é algo que gera temor no ex-presidente.

Fonte: O Globo

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