A vacina que imuniza as meninas de 9 a 13 anos de idade contra o HPV – doença sexualmente transmissível que provoca câncer de calor de útero se não tratada -, continua à disposição da população nas unidades de saúde da capital e interior. No último dia 30 de março, o Ministério da Saúde (MS) lançou uma campanha publicitária para conscientizar pais e adolescentes sobre a importância da vacinação contra o HPV, já que o país tem apresentado queda na procura pela imunização, que é gratuita.
De acordo com o MS, a cobertura da vacinação contra HPV chegou a 92,3% do público alvo entre 2014 e 2015, quando a vacina começou a ser ofertada em três doses, mas caiu para 69,5% no ano passado, entre as meninas que ainda precisavam tomar a primeira dose.
No início deste ano, o protocolo de vacinação contra o HPV foi alterado e agora, ao invés de três doses da vacina, as meninas devem receber duas aplicações da imunização. Até 2015, a estratégia previa uma terceira dose para reforçar a imunidade. A dose extra ainda é recomendada para mulheres de 9 a 26 anos que vivem com HIV/Aids, grupo que tem lesões de HPV mais frequentes e resistentes, além de cinco vezes mais chances de desenvolver câncer do colo do útero.
Quadro em Sergipe
Em Sergipe, assim como no restante do País, houve queda na procura pela imunização. Segundo Sândala Teles, gerente de imunização da Secretaria de Estado da Saúde (SES), as meninas recebem a primeira dose da vacina, mas não voltam para tomar a segunda. “As meninas precisam tomar as duas doses da vacina para estarem imunizadas. O procedimento correto é receber a primeira e depois de seis meses a segunda, mas as meninas que perderam esse prazo podem procurar a unidade de saúde e fazer a segunda dose da imunização”, orienta.
Sândala explica ainda que os pais precisam ter o compromisso de levar suas filhas às unidades de saúde e fazer a imunização. “As meninas não vão sozinhas, então os pais precisam entender a importância dessa vacinação para suas filhas e levá-las às unidades de saúde, até porque, nessa idade, as meninas têm medo da agulha e a vacina é injetável. Vale ressaltar que é uma vacina segura e não temos casos graves de reações em Sergipe”, aponta.
Segundo o MS, a vacina não age contra infecções ou lesões de HPV prévias e, por isso, é mais eficaz em pacientes que ainda não deram início à vida sexual. Na idade-alvo da campanha, entre 9 e 13 anos, a produção de anticorpos gerada pela vacina também é maior que a resposta natural do corpo a uma possível infecção.
Estratégia
O reforço das equipes e o incentivo à vacinação são responsabilidades compartilhadas com as secretarias estaduais e municipais. Estratégia para esse ano será levar agentes de saúde às escolas, já que o público alvo da vacinação encontra-se em idade escolar. No ano passado, a vacinação contra HPV ficou abaixo da meta de cobertura de 80% em todas as regiões do país e idades-alvo. Em média, apenas 43,75% das meninas brasileiras de 9 a 13 anos foram vacinadas.
“No inicio da vacinação, as escolas foram alvos de visitas e tivemos resultados positivos. A SES não é executora de ações, e sim, os municípios. Estamos orientando a fazer essas buscas ativas nas escolas. A vacinação contra o HPV faz parte do calendário de vacinação e o que estamos fazendo agora é reforçar, convocar as pessoas a fazer a imunização”, conclui Sândala.
HPV
O vírus do papiloma humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível mais comum que existe. Atinge tanto homens quanto mulheres, e pode causar verrugas ou feridas genitais. Nas mulheres, porém, o vírus gera uma preocupação a mais. Em 90% dos casos de câncer do colo de útero, o HPV é o responsável. Para prevenir essa doença, o segundo tipo de tumor mais comum entre mulheres, é preciso fazer o exame papanicolau com a frequência recomendada.
O Ministério da Saúde recomenda que mesmo as mulheres vacinadas precisam fazer o exame com frequência, já que existem mais de 200 tipos de HPV e 13 deles são capazes de provocar câncer. A vacina é chamada quadrivalente porque protege contra quatro subtipos principais, responsáveis por 90% das verrugas na região do ânus e dos genitais e 70% dos casos de câncer do colo do útero.
O vírus é transmitido através do contato direto com pele ou mucosa de pessoas infectadas. Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), 8 em cada 10 pessoas com vida sexual ativa tiveram contato com o HPV em algum momento.
Por Karla Pinheiro/CS