ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 4:32:27

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A gestão do caixa pessoal

No segmento empresarial é comum termos uma gestão de caixa da empresa, geralmente sob controle da área financeira. Na vida pessoal, em orçamento familiar, a gestão do caixa pessoal ou familiar também é importante e fundamental para um bom equilíbrio da saúde financeira e planejamento do atendimento dos desejos.

O fluxo de caixa pessoal vai ter as entradas de recursos, as saídas de recursos, os valores que estão disponibilizados para saques, compras ou pagamentos imediatos e os valores que estão aplicados. Também é importante no fluxo de caixa pessoal ter o dimensionamento e acompanhamento das dívidas, constituídas de empréstimos e/ou financiamentos. Ressalto que é fundamental saber qual o caixa mínimo que é necessário para atendimento de despesas imediatas e inesperadas.

Em geral, a entrada de recursos ocorre menos vezes que a saída de recursos quando tratamos de orçamento pessoal ou familiar. A exceção é quando a pessoa possui um investimento (geralmente uma aplicação financeira de liquidez diária) que disponibiliza o rendimento diariamente.

Na gestão do fluxo de caixa pessoal é necessário trabalhar com as datas mensais de recebimentos e pagamentos. As datas definidas para recebimento de salários em geral são as referências para que as pessoas programem seus respectivos vencimentos de obrigações rotineiras. Um exemplo é a data de vencimento do cartão de crédito, em geral, a data de vencimento é programada pelo titular do cartão que recomendo sempre programa com dois a cinco dias após a data normal de recebimento do salário, fins facilitar a programação do pagamento, que também recomendo que busque sempre pagar a fatura integra, fins evitar os custos do crédito rotativo do cartão. Outras contas não possui a flexibilidade de programação de uma data, então é necessário uma programação de já ter o recurso disponível antes da data do vencimento, citarei dois exemplos clássicos: mensalidade escolar, para quem paga escola de filhos ou outros parentes; e a taxa do condomínio residencial, que sempre tem um data de vencimento já definida e que não permite que cada condômino programe a sua data de vencimento. Sobre o condomínio residencial é muito comum a oferta de desconto para pagamento antecipado ao vencimento, o que recomendo, pois ajuda na redução dos custos e o valor do desconto de referido pagamento antecipado pode ser utilizado para o pagamento de outras despesas.

Existem entradas de recursos extras que merecem um cuidado com o destino e utilização dos recursos, a exemplo de: 13º salário, participação de resultados de empresa, bonificação, adicional de férias, etc. Julgo fundamental o planejamento de como utilizar os referidos recursos, tanto nos gastos e despesas normais, como nos investimentos desejados no presente e no futuro.

Uma entrada de recursos que recomendo o acompanhamento e o uso ao longo do mês, são os auxílios adicionais que são oferecidos por algumas empresas e citarei os dois mais clássicos: auxílio refeição e auxílio alimentação. Recomendo que anotem estes valores quando de suas entradas e as saídas que ocorrem diariamente, fins verificar se existe a compatibilização entre os valores e os seus usos no decorrer do mês, lembrar que este recurso é geralmente líquido e reforça o caixa pessoal ou familiar para as compras básicas de refeição e alimentação.

O fluxo de caixa pessoal tem que ser diário é a minha recomendação, mesmo que a lógica de acompanhamento das despesas seja dentro do mês, o caixa pessoal, requer um controle rigoroso, que demanda tempo e atenção, mas ajuda no planejamento e evite o estresse do descontrole financeiro.

Ao final de cada mês é necessário verificar a diferença entre entrada de recursos e saída de recursos com os gastos e despesas, se sobrar recursos, que é o ideal, mas não é a realidade da maioria da população brasileira, especialmente pela falta de controle; a minha recomendação é planejar onde investir para que no futuro este valor seja utilizado na satisfação de uma vontade ou desejo pessoal. As sobras podem ser utilizadas nas diversas modalidades de investimentos que são ofertadas pelo mercado financeiro, a exemplo de: rendimentos financeiros de renda fixa – com uma remuneração determinada previamente (Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Títulos do Tesouro Direto, Letras de Crédito (LCI e LCA), Debêntures, Fundos de Investimento de Renda Fixa; e rendimentos financeiros de renda variável – o valor do rendimento sempre tem alteração – ações de empresas, cotas de fundos imobiliários, fundos de ações, contratos futuros, criptomoedas, contratos de derivativos, fundo de investimento multimercados.

Em geral, depois as pessoas resgatam os investimentos financeiros e adquirem bens como veículos e/ou imóveis, satisfazendo as vontades e desejos.

Mas se na soma mensal faltar recursos, ou seja, a entrada de recursos for menor que a saída de recursos, existem duas possibilidades: o resgate de valores que caso a pessoa tenha guardado, como o endividamento que é o que ocorre com a maioria da população brasileira. A grande questão é o perfil da dívida (seu prazo e o seu custo), uma dívida muito elevada vai consumir parte da renda pessoal com o seu custo mensal, por isso é importante ter em mente o custo da dívida e o seu impacto no orçamento doméstico. Ficar em uma situação de não conseguir honrar compromissos com dívidas apresenta consequências desagradáveis e no fim empobrece mais a pessoa e sua família.

Algo que julgo necessário e oriento que as pessoas no controle de seus orçamento busquem entender são as diferenciações entre despesas/gastos fixos e despesas/gastos variáveis e de forma especial, os gastos supérfluos e imprevistos, estes últimos sem o devido acompanhamento podem levar ao descontrole no orçamento familiar e no fluxo de caixa pessoal. A minha recomendação é que cada pessoa ou família calcule o seu ponto de equilíbrio do fluxo de caixa. Toda empresa bem organizada conhece seu ponto de equilíbrio e toda pessoa que organiza bem suas finanças tem a obrigação de conhecer e controlar o seu ponto de equilíbrio, ou seja, o valor que é suficiente para honrar as obrigações e ter margem para o atendimento presente e futuro dos desejos pessoais, especialmente em um mundo que possui muito mais abundância que nos Séculos anteriores.