ARACAJU/SE, 6 de maio de 2024 , 14:57:02

logoajn1

As exéquias do Monsenhor Olympio Campos

O ano de 1906 volta à tona. Ano danado de brabo, dois assassinatos a balançar qualquer coreto, levando, em menos de quatro meses, dois dos mais importantes políticos sergipanos então em plena atuação. Esse ano dá mostras de que não acaba nunca mais, pelo número de livros já lançados, abordando quer a vida e morte de Fausto, quer a do Monsenhor Olympio Campos, nos diversos e diversos ângulos que uma tragédia sempre carrega e exibe, e, aqui, no caso, são duas, não havendo remédio que possa impedi-las, o que significaria não permitir que Fausto se dirigisse ao  Palácio do Governo naquele dia, – quem quiser morrer por Sergipe, me acompanhe, teria dito mais ou menos assim, consciente do que poderia ocorrer, e ocorreu -, e não deixar o monsenhor Olympio Campos viajar para o Rio de Janeiro, numa época em que não se falava em segurança pessoal, pelo receio do que poderia acontecer e aconteceu. Não há remédio nem reza a obstar os dois assassinatos, que, pela vez primeira, na República, enlambuza a história sergipana de sangue.

A solução é admitir a convivência pacífica com os dois óbitos, procurando extrair de cada um o máximo de sumo, digo, de lição possível ao espremer, afinal já se cravaram na história republicana sergipana, como fatos dela integrantes, até então, inéditos, que só voltariam a ocorrer depois da redemocratização, registrando-se, inicialmente, um, em Ribeiropólis, três em Itabaiana, e, um, em Aracaju, circunstâncias ambos dispares. Fora daí, as vítimas foram sempre peixes miúdos, sem tamanho para engasgar a história de cada município no seu todo nem de Sergipe em si, não merecendo o beneplácito e a cobertura de livro.

As considerações se inspiram em As exéquias do Monsenhor Olympio Campos, de Ana Maria Fonseca Medina e Claudefranklin Monteiro, ambos já acostumados a faina da pesquisa e a confecção de livros, dispensando exalçamentos, marcando nas suas duzentas e quarenta e uma páginas tudo que se relaciona com o óbito do então senador por Sergipe, e  sua repercussão, que, aliás, continua ativa e atrativa, a ponto de justificar um livro novo, porque não há como apagar da história sergipana os dois óbitos, transformando a estátua de ambos, em duas praças, no centro do Aracaju, em marcos de um passado distante, que sempre oferecem um ângulo a ser explorado, fim que o livro, aqui, exerceu com muita eficiência, o que não é novidade alguma, tratando-se, como se trata, de uma dupla mais do que dinâmica. Leitura recomendada.

Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras