O momento é de solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul pela crise climática que vive neste mês de maio com as enchentes provocadas por chuvas torrenciais que castigam esta região do sul do país.
Sabemos que os desastres naturais são causados pela ação humana e ao longo de todo o processo de industrialização e de colonização do planeta, a exemplo da destruição das florestas, das queimadas, do uso intenso de combustíveis fósseis. Apesar dos muitos estudos científicos sobre as consequências disso tudo, existem muitas pessoas, inclusive empresários e governantes que acreditam que tudo isso é besteira, e que devem devastar mais florestas para aumentar o agronegócio, explorar minérios e de forma irresponsável. Esses são chamados de negacionistas, porque negam as evidências científicas, e alguns até acreditam que a terra é plana.
O povo inteiro, inclusive os agroempresários estão sofrendo com esse desastre que atinge praticamente dois terços do território do Rio Grande do Sul.
Do ponto de vista da saúde pública existe uma grande preocupação, além dos óbitos, muitas pessoas estão feridas necessitando de socorro médico e hospitalar, e os hospitais estão alagados, exigindo a montagem de hospitais de campanha pelas forças armadas.
No meu entendimento, uma grande preocupação é com uma epidemia de leptospirose, que é endêmica no Brasil, e nos casos de enchentes pode se tornar uma situação epidêmica.
O contato com a urina dos roedores pode causar a doença que em 9% dos casos é letal. Segundo o ministério da saúde há registro em todas as regiões do país, porém a maior incidência é no sul e sudeste.
Um dado a ser observado é que entre os casos confirmados a doença atinge mais o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos, apesar de não haver estudos de que exista uma predisposição de gênero ou etária para contrair a doença.
No caso de desastres como as enchentes no Rio Grande do Sul o cuidado é tratar o mais rapidamente possível as pessoas que apresentem sintomas que possam ser identificados como os da leptospirose.
As estatísticas do ministério da saúde mostram que no ano de 2023 a região sul teve o registro de1221 casos, e destes, 477 foram no Rio Grande do Sul e neste ano de 2024, já foram constatados 129 casos.
Em um cenário de muitas áreas alagadas e com a previsão de mais chuvas durante esta semana, muita destruição, falta de água potável, aumenta a preocupação dos setores da saúde não somente com a leptospirose, mas também com outras doenças. Retirar as pessoas para lugares seguros e com a disponibilidade de condições sanitárias mínimas e acesso a água potável.