Do antisséptico ao sorvete, como a Granado ganhou o mundo.
Hoje vamos falar de uma marca carioca que é puro orgulho nacional e manda muito bem no branding. O reposicionamento da Granado é daqueles que impressionam. Quem diria que a marca, superconhecida pelo polvilho antisséptico, um dia abriria até uma sorveteria?
Tudo começou lá em 1870, quando José Antônio Coxito Granado fundou a Granado Pharmácias, uma botica charmosa focada em produtos naturais. Desde o início, a “pharmácia” já se destacava ao manipular remédios com plantas, ervas e flores brasileiras colhidas diretamente da fazenda do próprio Coxito, em Teresópolis, RJ. Ele também importava produtos da Europa, mas sempre dava aquele toque que agradava os brasileiros. Essa mistura de qualidade e inovação fez a Granado decolar rapidinho e, claro, ela logo conquistou o título de “Pharmácia Oficial da Família Imperial Brasileira”, concedido por Dom Pedro II. Chique demais, né?
Essa conexão com a realeza foi um divisor de águas. No fim do século XIX, a Granado já era sinônimo de qualidade, especialmente entre a elite, que confiava nos produtos. O sucesso só aumentou, especialmente depois do lançamento do icônico Polvilho Antisséptico, no começo do século XX, que até hoje é um dos queridinhos da marca.
Por muito tempo, a Granado era lembrada por dois produtos: o polvilho antisséptico e os famosos sabonetes de glicerina. Mas, em 1994, tudo começou a mudar quando o empresário inglês Christopher Freeman comprou a empresa.
Com a nova gestão, a Granado foi aos poucos deixando a manipulação e se consolidando com industrializados, expandiu seu portfólio e passou a oferecer de tudo, desde produtos para bebês até cuidados para pets. A marca também foi pioneira no Brasil ao lançar sabonetes 100% vegetais, reforçando sua pegada eco-friendly.
Em 1998, a Granado já produzia todos os sabonetes com base vegetal e investia pesado em cosméticos biodegradáveis e sem testes em animais. O reposicionamento ficou ainda mais forte em 2004, quando a empresa adquiriu a PHEBO, outra marca tradicional que caiu como uma luva no portfólio.
A entrada de Sissi Freeman, filha de Christopher, em 2005, marcou outro grande momento. A família acelerou a modernização e expansão da marca, mas sem perder aquele toque tradicional que sempre foi o seu diferencial. Foi nessa época que a Granado abriu suas primeiras lojas-conceito no Brasil, e quem visita essas lojas sente o mesmo clima acolhedor da botica original. A primeira loja, aliás, fica no mesmo lugar onde Coxito iniciou tudo.
Entre 2005 e 2006, a marca também deu um up nas embalagens, inspiradas no acervo da própria família Granado. A linha Vintage, por exemplo, trouxe de volta embalagens e sacolas com aquele ar retrô irresistível. E não parou por aí: vieram também as linhas antisséptica pink, esmaltes, maquiagens… Em 2013, começou a trajetória internacional, hoje, a marca tem lojas nos Estados Unidos e na Europa. Nada mal, né?
O que mais chama atenção é como a Granado sabe criar experiências sensoriais muito proprietárias: embalagens com texturas, cores e fragrâncias que têm tudo a ver com a marca, e aquele toque de colonial carioca. E, recentemente, a Granado surpreendeu mais uma vez ao lançar sua própria linha de sorvetes, inspirados pelos sabores dos perfumes da marca. Sim, isso mesmo: oito sabores que levam o conceito de branding sensorial a outro nível. Sorvete que lembra perfume? Não só isso, eles borrifam a fragrância na hora de servir! Parece maluquice, mas é genial! Assim que eu experimentar, conto tudo pra vocês!