O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou recentemente uma importante publicação que disponibiliza à sociedade a Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira em 2024. Referido estudo tem como objetivos sistematizar e apresentar um conjunto de informações relacionadas à realidade social do País. Apresentarei neste breve ensaio, algumas informações que coletei referentes ao estado de Sergipe.
Uma das mais relevantes informações da publicação foi a de que de 2022 a 2023, o percentual da população do país com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza adotada pelo Banco Mundial (US$ 6,85 PPC por dia ou R$ 665 por mês) caiu de 31,6% para 27,4%. Foi a menor proporção desde 2012. Numericamente, essa população recuou de 67,7 milhões para 59,0 milhões, seu menor contingente desde 2012. Em um ano, 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza no país.
Em Sergipe o índice é maior que a média do Brasil e ficou em 44,1%. Na Região Nordeste tem o segundo melhor índice, que tem a menor proporção de pessoas pobres na Região Nordeste é o estado do Rio Grande do Norte (43,5%); os vizinhos de Sergipe possuem percentual de pobres acima, como é o caso de Alagoas com 46,2% e a Bahia com 46%.
Sergipe poderia ter ficado na 1ª posição na Região Nordeste, caso a variação percentual no rendimento domiciliar per capita médio entre 2012 e 2023, tivesse sido melhor, pois os dados do estudo do IBGE apontam que Sergipe teve o segundo menor crescimento do país, entre as unidades federativas que apresentaram variação positiva no rendimento domiciliar per capita. Cabe registrar que os estados de Amazonas, Roraima, Pernambuco e Acre tiveram variação negativa no rendimento domiciliar per capita.
Além deste indicado, cabe registrar os seguintes indicadores selecionados no estudo e que revelam as condições de vida da população sergipana:
1 – O nível de ocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade em Sergipe na base de 2023 foi de 51,5%, neste indicador Sergipe tem a melhor posição na Região Nordeste, logo depois de Sergipe quem tem o melhor percentual é a Bahia com 50,3%.
2 – a taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade em 2023 foi de 11,4%, foi um percentual elevado, ficando estado na 7ª posição na Região Nordeste, o indicador de Sergipe só foi melhor que o da Bahia (13,2%) e de Pernambuco (13,4%).
3 – A proporção de pessoas vivendo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou pluvial em Sergipe no ano de 2023 foi de 49,7%, revelando que pouco mais da metade da população ainda não é beneficiada com este importante serviço que afeta a saúde pública.
4 – A proporção de pessoas vivendo em domicílios com máquina de lavar roupa em Sergipe no ano de 2023 foi de 43,9%, revelando uma posição intermediária na Região Nordeste (5ª posição).
5 – A proporção de pessoas vivendo em domicílios com acesso à Internet em Sergipe no ano de 2023 foi de 92,3%, sendo o melhor índice da Região Nordeste e bem próximo da média do Brasil (92,9%).
6 – A proporção de pessoas de 18 a 29 anos de idade ou mais com no mínimo 12 anos de estudo em Sergipe, na base de 2023 foi de 60,2%, sendo o menor índice do Brasil. Portanto existe um desafio enorme para o setor de educação no estado de Sergipe, com relação ao ensino fundamental e médio, no sentido do estado sair desta posição e isto depende de ações públicas e privadas.
Sobre o indicador acima, cabe adicionar um comentário sobre a taxa ajustada de frequência escolar líquida para pessoas entre 6 e 14 anos de idade, em Sergipe no período de 2019/2023, que segundo o estudo apontou que Sergipe ficou entre as 15 das 27 Unidades da Federação deixaram de cumprir essa meta de frequência do Plano Nacional de Educação no referido período. Registre-se que a taxa ajustada de frequência escolar líquida para pessoas entre 6 e 14 anos de idade, em Sergipe no ano de 2023 foi de 94,2%, ocupando a 16ª posição no país.
Ainda com relação à educação, um fato curioso para a capital de Sergipe, Aracaju e para o estado de Sergipe é o percentual de crianças que frequentam creche na rede privada. Em Sergipe na base de 2023, o percentual foi de 37,6%, no Brasil atrás somente do Distrito Federal e do Rio de Janeiro. E analisando somente Aracaju, o percentual sobe para 54,3%, também um dos maiores percentuais entre as capitais, ficando na 4 posição do país, atrás somente de João Pessoas (64,3%), Vitória (62,4%) e Porto Alegre (54,7%).
O analfabetismo também ainda é um grande desafio para os governantes de Sergipe, especialmente para os municípios, pois a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade, em Sergipe na base de 2023 ficou em 11,2%, sendo a 5ª maior taxa do Brasil.
No estudo existem várias informações e indicadores sobre a variável saúde, mas pela sua abrangência e peculiaridade requer um estudo exclusivo sobre o tema.
O tema apresentado é importante para reflexão por parte dos novos prefeitos, bem como para aqueles que irão para o 2º mandato, no sentido de buscar criar e potencializar seus programas sociais que somados aos programas já existentes na esfera estadual e federal poderão auxiliar na redução da pobreza em Sergipe. Entendo que os esforços federais e do estado que estão em andamento somados às novas perspectivas de gestores municipais de Sergipe poderão mudar o panorama da situação do indicadores que apenas reportei como contribuição de entendimento do status existente e que requer desafios enormes para todos.