ARACAJU/SE, 8 de novembro de 2025 , 14:39:56

O papel da banda do meu tempo

 

A banda era pequena, contando apenas com três bancos, onde se acomodavam os tocadores da tuba, trompa, trompete, trombone, barítono, clarinete e saxofone. O maestro, com sax tenor, ficava em pé.  A pancadaria, igualmente. A exceção da trompa, do trompete e do sax, em alguns e grandes momentos, o mais era um só instrumento. De outro lado, não me lembro da bombardino nesse estágio. Se o termo banda reflete, em seu miolo, um pedaço, uma parte de algo, a nossa, a do meu tempo, da qual integrei, era uma banda da banda. Coitada! Não mais que isso, cujo papel na época não conseguimos vislumbrar.

Hoje, e desde muito, me deparo com bandas enormes, seis clarinetes, quatro saxofones, cinco trompetes, três trombones, duas tubas, dois bombardinos, três barítonos, e daí para a frente, sempre o número crescendo, de maneira que, quando me lembro da do meus idos lá atrás, bato palmas para aqueles que dela fizeram parte, se reunindo na noite das terças e quintas, rezando para que o tocador de tuba não faltasse,  e, presente, desse vida ao ensaio, pudesse tocar cinco ou seis dobrados, sempre os mesmos, que todo mundo sabia de cor e salteado, de frente para trás, de trás para a frente. A partitura era precaução e socorro, para uma emergência.

É certo que teve um período – e eu, estudante do primário, me lembro – em que a sede da banda era cheia de alunos ginasianos, tudo em decorrência da matéria de Canto Orfeônico. A exclusão desta do ensino ginasial culminou com a saída da imensa maioria dos ginasianos da banda, ficando apenas os que tinham vocação ou inclinação para a música. Quando resolvemos, eu e Luiz Carlos, estudar música, idos de 1963, se contava no dedo os alunos do Ginásio – Fontes, Evilásio, Arnaldo Silva, Zé Luiz Ferreira – porque os demais debandaram, prejudicando a natural renovação dos músicos com o ingresso de sangue novo na banda.

Todos mereceriam uma placa – Justino, Arnaldo Silva, Fontes, Adelson, Joel, Jadiel, Pedro funileiro, Evilásio, Néu testa, Toinho Macaco, Eliseu, Nelson Tocha, Olimpo marcineiro, todos sob a batuta de Antonio Melo – por terem segurado a banda, permitindo que, mais tarde, Itabaiana contasse com duas populosas filarmônicas e uma orquestra sinfônica. Também me incluo no meio, porque, de todos, só três estamos vivos. Os demais, bateram asas para o além.