ARACAJU/SE, 6 de maio de 2024 , 9:01:14

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Perspectivas para a economia circular

O Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF) na sigla em inglês, é um evento anual que apresenta as principais soluções globais de economia, com a participação de líderes empresariais, legisladores e especialistas de todo o mundo. As abordagens da economia circular podem ajudar as empresas a aproveitar novas oportunidades e obter uma vantagem competitiva, bem como contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas é esta a visão dos organizadores do evento que ocorreu durantes esta semana.

WCEF é uma iniciativa global da Finlândia e do Sitra, o Fundo Finlandês de Inovação. O fórum acontece desde 2017 e fica cada vez maior e mais importante a cada ano.

O oitavo Fórum Mundial da Economia Circular (WCEF) destacou soluções para enfrentar a dependência excessiva das nossas sociedades dos recursos naturais. O referido Fórum enfatizou a economia circular como uma fonte chave de bem-estar futuro e a principal fronteira de investimento pós-combustíveis fósseis. O fórum foi realizado em Bruxelas, na Bélgica, de 15 a 18 de abril, e reuniu milhares de especialistas para explorar as vastas oportunidades apresentadas pela economia circular.

O consumo excessivo nas economias de alto rendimento foi amplamente discutido, bem como, o desenvolvimento do bem-estar, que até agora, vincula-se fortemente na utilização cada vez maior de recursos naturais virgens. Portanto, a necessidade de um forte enfoque na circularidade é fundamental uma vez que os alicerces do bem-estar estão a desgastar-se.

Destacam-se as discussões realizadas nas sessões paralelas que abordaram os seguintes temas: bioeconomia (alimentos e materiais de base biológica); infraestrutura (ambiente construído e mobilidade); bens manufaturados e consumíveis e Conferência Europeia das Partes Interessadas da Economia Circular.

O Presidente do Fundo Finlandês de Inovação Sitra, um dos mentores do WCEF afirma que “a transição para uma economia circular não é rápida o suficiente. Precisamos de implementar políticas que estendam genuinamente os ciclos de vida dos produtos e adotem modelos de negócio que aumentem as taxas de utilização e recuperem matérias-primas críticas. Juntamente com a eficiência dos recursos, isto é vital para as nossas economias e para a paz cívica. De acordo com o relatório do Painel Internacional de Recursos da ONU, num mundo eficiente em termos de recursos, o PIB global em 2060 poderá ser três por cento superior ao previsto”. E este é um dilema que precisa ser avaliado agora para criarmos uma ambiência mais adequada de sobrevivência das gerações futuras.

Acelerar a transição circular nas economias ao redor do mundo e fazer a  transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis é possível com a promoção da eficiência dos recursos e da economia circular como meio de influenciar a utilização de materiais. São desafios de eficiência que poderão estar muito distantes no futuro, como a reciclagem de minerais escassos.

A premissa é a de que ocorra redução da demanda em economias com elevados níveis de consumo, pois de acordo com o Relatório Global Resources outlook 2024, que foi publicado recentemente pelo Painel Internacional de Recursos da ONU, os países de rendimento elevado consomem seis vezes mais do que os seus homólogos de baixo rendimento e geram dez vezes mais impactos climáticos, além disso, as economias de rendimento médio e alto duplicaram globalmente a utilização de recursos nos últimos cinquenta anos.

Diante deste cenário é fundamental que os países repensem os seus sistemas obsoletos e busquem reduzir o desperdício de recursos, o que permitirá o crescimento onde ele é mais necessário, incluindo os países de baixo rendimento. Isto ajudará na criação de um crescimento sustentável e novos empregos e no cumprimento dos objetivos climáticos do Acordo de Paris.

A visão do técnico da ONU (Organização das Nações Unidas) que é copresidente do Painel Internacional de Recursos da entidade é a de que “a melhor forma de reduzir significativamente a procura de matérias-primas virgens essenciais é mitigar a procura na maioria dos sistemas de necessidades humanas com utilização intensiva de recursos, em particular mobilidade e habitação.” Este ponto é relevante, considerando que conforme o relatório Circularity Gap Report 2024, o mundo é apenas 7,2% circular, ainda necessitamos evoluir muito nas ações circulares.

Já para Ivonne Bojoh, CEO da Circle Economy Foudation, uma organização de impacto com sede em Amsterdã – Holanda e responsável pelo relatório citado anteriormente, “uma vez que os países de rendimento elevado já possuem a maior parte das suas infraestruturas instaladas, trabalhar com o que já possuem será fundamental. Isto significa manter, adaptar e reparar o que já existe, em vez de “construir mais um “, mas em minha visão é algo de difícil aceitação para um mundo capitalista em evolução e constante disputas comerciais de poder.

Um ponto de destaque do encontro foi a discussão sobre materiais críticos, ponto de debate em diversas sessões do fórum. Outro exemplo de discussão foi a sessão que aprofundou a questão da gestão da demanda de materiais de transição de uma forma sustentável e a busca da mineração responsável. Destaco também a sessão que explorou como construir parcerias estratégicas entre o Norte Global e o Sul Global e a sessão que analisou o desbloqueio de cadeias de abastecimento circulares e modelos de negócios na China.

Que este debate mundial sobre a economia circular seja estendido em todos os países nas suas estratégias locais de desenvolvimento econômico, na perspectiva de acelerarmos o desenvolvimento da economia circular para efetivarmos uma mudança sistêmica do processo de crescimento econômico mundial.