A Igreja Católica tem procurado, ao longo das últimas décadas, a reaproximação com outras denominações cristãs, que aceitam o diálogo inter-religioso, a exemplo dos anglicanos e ortodoxos, dentre outros segmentos cristãos.
Com relação à Igreja Ortodoxa, há 58 anos (7 de dezembro de 1965), na véspera da conclusão solene do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras de Constantinopla puseram fim às acusações cismáticas recíprocas formuladas em 1054, que deram lugar à separação e à destruição da unidade entre os discípulos de Cristo. O Patriarca foi representado pelo Metropolita Meliton. Tratou-se de um fato histórico com significações para os dois lados, estando presentes mais de dois mil padres conciliares e vários observadores de diferentes Igrejas e Comunidades cristãs.
Na verdade, o gesto foi preparado por uma série de encontros entre Paulo VI e Atenágoras, que se iniciaram em janeiro de 1964, no histórico abraço entre o bispo de Roma e o de Constantinopla, durante a primeira peregrinação de um Papa à Terra Santa, com encontros bilaterais entre o Secretariado para a unidade dos cristãos, sob a sábia orientação do Cardeal Augustin Bea (1881-1968), e eclesiásticos do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.
As distinções culturais e lutas por poder levaram ao rompimento das duas vertentes. A diferença na língua e o questionamento da autoridade papal culminaram na separação das Igrejas em 1054, em um episódio conhecido como “Cisma do Oriente”. Assim, os que hoje se denominam fiéis da Igreja Católica estavam radicados na Europa Ocidental. Os que se tornaram ortodoxos se concentravam na Europa Oriental e partes do Oriente Médio.
As Igrejas Católica Apostólica Romana e Católica Apostólica Ortodoxa possuem doutrina e costumes distintos. A seguir, algumas diferenças existentes entre a fé professada nas duas Igrejas. Vamos chamá-las como comumente se faz: Igreja Católica e Igreja Ortodoxa.
A diferença mais marcante entre as duas Igrejas diz respeito à liderança. Na Igreja Católica, a liderança é do Bispo de Roma, ou seja, o Papa, que é autoridade máxima. Para os ortodoxos, todos os bispos são iguais, eles não acreditam na supremacia de um dos bispos. Somente o Patriarca de Constantinopla possui uma deferência especial, ele é tido como o primus inter-pares (o primeiro entre seus iguais).
Na Igreja Católica todos os sacerdotes devem ser celibatários. Na Igreja Ortodoxa o celibato é opcional. Mas, somente os que optam pelo celibato podem crescer na carreia eclesiástica, chegando a bispo, metropolita e patriarca. A Igreja Católica segue o calendário gregoriano. A Igreja Ortodoxa tem como calendário oficial o juliano, que apresenta uma diferença de 13 dias em relação ao calendário gregoriano.
Na Igreja Católica a cruz possui somente uma barra disposta na horizontal. Na Igreja Ortodoxa a cruz possui três barras dispostas horizontalmente. A primeira barra representa o local em que foi colocada a inscrição INRI (Jesus Nazarno, Rei dos Judeus). A barra do meio representa onde os braços de Jesus foram pregados. A terceira barra é aquela que serviu de apoio para os pés de Jesus.
A Quaresma na Igreja Católica dura 40 dias. Na Igreja Ortodoxa a Quaresma dura 47 dias. Após o Vaticano II, a Igreja Católica passou a usar a língua local em suas celebrações, como já fazia a Ortodoxa.
A Igreja Católica faz uso de imagens bidimensionais como quadros e tridimensionais, como estátuas para a representação dos santos. A Igreja Ortodoxa utiliza somente as imagens bidimensionais, chamadas de ícones. A Igreja Católica tem o hábito de rezar de joelhos. A Igreja Ortodoxa tem o hábito de rezar em pé. O Natal dos católicos é celebrado no dia 25 de dezembro e dos ortodoxos no dia 7 de janeiro.
Vale lembrar que já havia ocorrido a divisão da cristandade entre igrejas nestorianas e pré-calcedônias (aquelas que não concordaram com o Concílio da Calcedônia realizado no ano de 451). No entanto, ainda havia unidade dentro do território do Império Romano. A queda do Império Romano no Ocidente fez com que as diferenças entre o cristianismo do Ocidente e do Oriente ficassem ainda mais evidentes. Essas diferenças culturais levaram a lutas pelo poder e isso acarretou no rompimento das duas vertentes.
A Igreja Católica possui sua sede no Vaticano. Já a Igreja Ortodoxa adiciona ao seu nome à localidade em que está. Sendo assim, há a Igreja Ortodoxa Romena, dirigida pelo Patriarca da Romênia, a Igreja Ortodoxa Russa, que se encontra sob a jurisdição do Patriarca de Moscou, a Igreja Ortodoxa de Constantinopla, sob a liderança do Patriarca de Constantinopla etc.
Finalmente, os seguidores de Cristo, graças a esses dois profetas do diálogo ecumênico, Paulo VI e Atenágoras, se reconhecerão e se encontrarão como irmãos, para um caminho em busca da escuta do Espírito e da comunhão tão necessária à credibilidade do anúncio do Evangelho na sociedade secularizada.
