Da redação, AJN1
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) enviou ofício ao governador do estado de Sergipe, Belivaldo Chagas, solicitando que a retomada das aulas presencias na rede estadual de ensino, marcada para a próxima terça-feira, dia 17, seja adiada, diante do que a categoria classifica de “impossibilidade de retorno”. A categoria não descartou uma paralisação.
No ofício, o Sindicato dos educadores alerta que na maioria das escolas estaduais não foram realizadas obras estruturais para adequar os prédios escolares às medidas sanitárias editadas pelo próprio Governo de Sergipe.
“É importante ressaltar que em quase todos os estabelecimentos de ensino da rede pública estadual faltam servidores administrativos para executar os protocolos sanitários, que como se sabe, são necessários para conter a disseminação da Covid 19 e assegurar a limpeza, higienização e sanitização dos ambientes”, diz um trecho do texto confeccionado pela assessoria de imprensa.
No ofício, o Sintese ainda alerta que a Secretaria de Estada da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) está transferindo recursos para as escolas municipais para a compra de EPI’s, EPC’s, materiais de limpeza e de higienização, além de pequenas serviços para atender às exigências sanitárias, sem considerar o tamanho do prédio escolar, a quantidade de salas de aulas e a matrícula. O que acarreta na compra insuficiente de materiais
Outra preocupação apontada pela categoria é em relação às eleições municipais, que serão realizadas no próximo dia 15 de novembro. “As escolas, como sempre, servirão de colégios eleitorais e, com isso, centenas ou milhares de pessoas (contaminadas ou não) utilizarão os prédios escolares. Mesmo diante deste fato, não há por parte dos gestores da Seduc um plano para a desinfecção das escolas estaduais, e mesmo que houvesse, seria impossível a higienização de todas as escolas em apenas um dia, já que as aulas estão previstas para ter início no dia 17 de novembro”, endossa o texto.
“O que estamos vendo é uma tentativa de retorno atabalhoada e sem planejamento por parte do Governo do Estado e da Seduc. Para se ter uma ideia, até a presente data, apenas algumas poucas unidades de ensino criaram a ‘Comissão Escolar de Fiscalização das Medidas Sanitárias’ para garantir o retorno seguro das aulas presenciais, com a participação dos professores, estudantes, pais, mães e dos servidores técnicos-administrativos. Para além da falta de planejamento, falta diálogo e falta bom senso por parte do Governo do Estado. O fato é que a pandemia ainda não acabou e não seguir protocolos significa colocar vidas em risco”, preocupa-se a presidente do Sintese, professora Ivonete Cruz.
O Sintese questiona ainda outro ponto: “Quando se pensa em retornar às aulas de maneira presencial, é ter um plano de transporte escolar. Este plano deve estar em consonância com os protocolos e medidas sanitárias, para proteger os estudantes e também professores e professoras que residem em um município e exercem sua profissão em outra localidade. Mas até a presente data, o plano de transporte escolar também não foi apresentado”.
Além disso, diz o Sintese, a retomada foi marcada pela “completa falta de diálogo”. “A Seduc não dialogou com o Sintese, nem com professores da rede estadual sobre o plano de retomada das aulas presenciais. E para tornar a relação ainda mais complexa e penosa, o Governo de Sergipe até agora não criou o auxílio financeiro, a partir do Salário-Educação, para subsidiar as despesas que os professores estão tendo, mensalmente, para cobrir os custos operacionais das aulas não presenciais”.
O Sintese solicitou em seu ofício que antes da retomada das aulas de forma presencial, o Governo do Estado realize a testagem em massa de Covid 19 em todos os professores e estudantes que foram convocados para o retorno presencial nessa primeira fase, conforme o disposto na Resolução nº 03, de 15 de outubro de 2020, do Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais (CTCAE). Bem como apresentar um plano de monitoramento e testagem periódica.
“Solicitamos ao governador Belivaldo Chagas uma audiência, em caráter de urgência, para que sejam planejadas e adotadas, o quanto antes, medidas governamentais em defesa da vida de professores, professoras, estudantes, diretores de escolas, coordenadores e dos servidores da área administrativa da educação. Medidas que evitem um surto de Covid 19 e contaminação em massa com a retomadas das aulas presenciais. Aulas podem ser repostas, vidas não”, enfatiza Ivonete Cruz.