ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 2:36:49

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Cirurgia ortognática minimamente invasiva já é realidade em Sergipe

Pelo menos 10 milhões de brasileiros apresentam deformidades dentofaciais e precisam se submeter a cirurgia ortognática, procedimento para correção de problemas na mandíbula e no maxilar, que resulta em melhoras na mordida, mastigação, respiração e na estética facial. A cirurgia, ainda pouco conhecida, ganhou os holofotes essa semana quando Rafaella Justus, filha do apresentador Roberto Justus e da apresentadora Ticiane Pinheiro, usou as redes sociais para contar que passou pelo procedimento.

Indicada para casos de prognatismo (queixo para frente), retrognatismo (queixo para trás), assimetrial facial e ainda para alguns casos de apneia do sono e disfunção da Articulação Temporomandibuçar (ATM), a ortognática foi beneficiada com a evolução das tecnologias e tornou-se minimamente invasiva, impactando diretamente na recuperação do paciente.

Em Sergipe, a cirurgia ortognática minimamente invasiva já é realidade. Quem traz detalhes sobre a o procedimento, suas indicações e benefícios, é o cirurgião bucomaximo facial sergipano, Dr. Breno Barbosa, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, que ao lado do Dr. Lucas Guerzet e do Dr. Mark Jon, também cirurgiões, forma uma equipe referência na execução do procedimento.

 

Correio de Sergipe: Dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia

Bucomaxilofacial apontam que 60% da população do país necessita de algum tipo de tratamento ortodôntico e que 5 % só resolveria o problema se passasse pela intervenção cirúrgica. Em quais casos, a cirurgia ortognática é indicada?

Breno Barbosa: A cirurgia ortognática é um procedimento utilizado para corrigir alterações de crescimento dos maxilares, conhecidas como deformidades dentofaciais, as quais se não corrigidas, podem provocar distúrbios na mastigação, articulações e respiração. Devido a diversos fatores (grau da deformidade, idade, etc), somente o uso de aparelho não consegue em alguns casos, resolver a queixa inicial do paciente por conta das limitações físicas. Por isso, é proposta a ortognática para auxiliar na mecânica do tratamento ortodôntico (aparelho) e posicionar corretamente os maxilares, proporcionando uma melhor resolução e previsibilidade do caso.

 

Correio de Sergipe: Além dos benefícios funcionais, sobretudo, a melhora na mordida e na mastigação, a cirurgia traz benefícios estéticos. De que forma isso acontece?

Breno Barbosa: Costumo dizer nas minhas aulas e consultas, uma vez que você deixa os ossos da face numa posição adequada e torna a face mais harmônica, consequentemente você promove benefícios estéticos! Importante salientar que o principal objetivo é funcional, mas corrigindo uma(s) deformidade(s), acaba tendo repercussões positivas na beleza da face. Tomando como exemplos, casos de paciente que tem desvio do osso (assimetria) ou queixo muito para frente (prognatismo) ou queixo curto (retrognatismo), a medida que faz a cirurgia e reposiciona melhor o osso, isso gera também ganhos estéticos.

 

Correio de Sergipe: A cirurgia ortognática passou por diversas evoluções ao longo de todos esses anos. De que maneira a tecnologia contribuiu para que o procedimento se tornasse minimamente invasivo?

Conseguimos utilizar a tecnologia ao nosso favor. Através dos avanços tecnológicos, todo nosso fluxo de preparação para cirurgia ortognática é digital, desde o escaneamento das arcadas dentárias, ao planejamento cirúrgico virtual em softwares de última geração e confecção do guia cirúrgico em impressora 3D. Com isso, conseguimos planejar melhor as etapas do procedimento, realizamos incisões bem menores, osteotomias (cortes) mais assertivas e fixações ósseas sem excessos (reduz o tempo operatório e manipulação/trauma aos tecidos da face).

 

Correio de Sergipe: A modernização da cirurgia ortognática interfere diretamente no pós-operatório e na recuperação dos pacientes?

Breno Barbosa: Sim. Antigamente, as incisões eram grandes (5 a 7 cm), manipulava-se exageradamente os tecidos da face, gerando muito inchaço (edema), além de muitas vezes precisar ficar com a boca amarrada com fio de aço. Atualmente, realizamos incisões mínimas (1,5 cm) e maior estabilidade óssea nas fixações, evitando assim necessitar da boca amarrada. O planejamento virtual é uma ferramenta sensacional, pois é como operássemos o paciente antes mesmo dele entrar no centro cirúrgico e isso, nos permite ir para a cirurgia já sabendo previamente todos os passos e movimentos que eu tenho que executar. Com isso, reduz significativamente o tempo operatório, menor o inchaço no rosto, maior o conforto na recuperação, mais rápido o retorno às atividades laborais e convívio social.

 

Correio de Sergipe: Atualmente, a cirurgia é realizada pelo SUS ou coberta por planos de saúde?

Breno Barbosa: A cirurgia ortognática tem cobertura pelos planos de saúdes, pois está devidamente inscrita no Rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS). Ou seja, pacientes que necessitam de ortognática para correção de determinada deformidade na face, vai dar entrada do relatório cirúrgico, solicitando o procedimento junto ao plano de saúde (podendo ser até via aplicativo), para posterior autorização. Quanto ao SUS, é possível sim fazer a ortognática, embora, em nosso estado essa seja uma realidade ainda distante, mas precisamos fomentar e tornar mais acessível esse tipo de tratamento à população.

Correio de Sergipe: Qual a orientação para os pacientes que suspeitam necessitar de cirurgia ortognática? Quais profissionais ele deve procurar?

Breno Barbosa: Aos pacientes com má posicionamento dos maxilares e que notam o queixo muito curto ou para frente associado com encaixe ruim da dentição, assimetria facial, sorriso gengival excessivo, dores na articulação da boca e até mesmo problemas ou cansaços respiratórios (apneia do sono), devem procurar um cirurgião bucomaxilo para uma avaliação inicial e criteriosa, ou também um ortodontista (aparelho). Com os avanços tecnológicos e modernização das técnicas, a cirurgia ortognática tornou-se menos invasiva e um importante tratamento na resolução dos casos clínicos, além de promover melhora na qualidade de vida e auto-estima dos pacientes.

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