Da redação, Joângelo Custódio
Imagine morar a poucos metros da Cadeia Pública de Areia Branca, situada às margens da BR-235, e perceber que um córrego que sai do interior da unidade prisional, feito até então para escoar água pluvial, jorra, ininterruptamente, esgoto no meio ambiente e contamina uma nascente de água da região. O enredo dessa história quem conta é a moradora Fernanda Rafaely, de 23 anos, que está inconformada com o mau cheiro que exala do córrego e que contribui para a destruição da natureza.
Foto: Fernanda Rafaely
“Moro ao lado da penitenciária de Areia Branca. Ao construírem ela, pediram liberação para colocar um córrego que seria para correr água da chuva, sendo que depois de pronta e funcionando o que escorre é esgoto e, às vezes, lixo. O fedor, quando está escorrendo, é insuportável. Já tentei contato com alguns órgãos e nada. Há alguns metros do mesmo córrego temos um poço artesiano, que no momento se encontra fechado, mas estamos com medo de quando formos voltar a usar, a água esteja contaminada. Tem também um rio que corre em outro terreno, mas que também já foi contaminado e não serve mais para nenhum uso”, denuncia Fernanda, ao frisar que não aguenta mais esta situação.
A indignação de Fernanda, que é contadora, chegou aos ouvidos da direção do presídio e da Administração do Meio Ambiente (Adema), mas, segundo ela, nada fizeram. “Eles simplesmente disseram que receberam uma ligação da Adema e que era para vê se a água do poço estava boa. Quanto ao esgoto, não disseram nada. Olharam e ficou por isso mesmo. A água do poço eles (Adema) coletaram e disseram que estava boa para uso e que provavelmente iriam colocar uma bomba para utilizarem da água no presídio”, revela.
O mau cheiro também inferniza os condutores e passageiros que trafegam pela BR-235. “Quando passamos pelo final do presídio sentimos aquele cheiro forte, insuportável de esgoto. Sou motorista e passo por aqui várias vezes durante o dia e eu tenho que prender a respiração”, conta Eduardo, motorista da Coopertalse.
RESPOSTAS
Esta reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Adema e da Segurança Pública e a informação passada é que serão enviadas equipes ao local nesta sexta-feira (1º) para averiguar o problema.
Também tentamos contato com o diretor do presídio, Ricardo Manhães, mas ele não se encontrava na unidade.
A CADEIA
Foto: Jorge Henrique
A Cadeia Pública foi inaugurada em março de 2017 pelo Governo do Estado, resultado de contrato de repasse – no valor de R$10.800.000,00 — entre o Ministério da Justiça e o governo, através da Secretaria de Estado de Justiça e Defesa do Consumidor (Sejuc). A unidade possui área total de 16.000 m² e abriga 398 internos.