ARACAJU/SE, 26 de julho de 2024 , 22:03:26

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Terminal Luiz Garcia “afunda” em problemas estruturais e sociais

Da redação, Joangelo Custódio

Estudos em psicologia dizem que bastam alguns segundos para se formar a primeira impressão sobre algo ou alguém. E a imagem a qual fica guardada na cabeça dos usuários ao passar pelo Terminal Rodoviário Luiz Garcia, localizado na Praça João XXIII, no coração do Centro Comercial de Aracaju, está longe de ser agradável, principalmente quando o assunto é estrutura, limpeza e segurança.

“Tenho nojo e medo de entrar aqui”, diz Maria Helena, uma das centenas de pessoas que embarcam e desembarcam diariamente na estação rodoviária, principal ligação da capital com o interior do Estado.

O asco e a sensação de insegurança relatados por Maria são reverberados, de forma unânime, por todos os usuários da rodoviária, fundada em 1962.  Basta entrar e caminhar um pouco pelas dependências da estação e perceber que há algo de errado. De cara, o usuário é saudado por ratos e baratas que emergem de buracos. Além disso, os banheiros são sujos, fétidos, e com vasos sanitários quebrados, além de diversas infiltrações no telhado. “Muitos urinam ali no chão mesmo”, conta um passageiro indignado.

Problemas sociais

Jogada à própria sorte, a rodoviária, em virtude da situação de abandono, ainda carrega nas costas problemas sociais que crescem a cada dia: a violência e o tráfico de drogas. Isso porque o local virou ponto de encontro de usuários e traficantes, o que também acarreta assaltos e pequenos furtos. A prostituição, por consequência, passeia sem nenhum pudor pelas esquinas da estação.

“O certo era cercar a rodoviária e só os passageiros que pagam poderiam entrar e ter acesso. Mas não existe cerca, qualquer pessoa aqui entra e faz o que quiser. Uma vez, eu fui ao banheiro, que é imundo, e deixei o ônibus com a porta aberta. Em menos de 4 minutos um ladrão entrou e roubou os passageiros. Também tem a questão dos dependentes de drogas, que, como zumbis, ficam enjoando os passageiros, pedindo trocado o tempo todo. Tudo isso cansa”, diz Eduardo, motorista da linha Aracaju/Itabaiana.

Ambulantes

O comércio dos vendedores ambulantes também disputa espaço com os passageiros.  Além de água, há diversos produtos à venda, a exemplo de frutas, doces e pipocas, salgadinhos, objetos elétricos importados, até lingeries.

 “Moro no conjunto Parque dos Faróis e vendo água mineral aqui para sobreviver. Aliás, eu e muitos outros trabalhadores fazem a mesma coisa aqui”, afirma uma comerciante que não quis se identificar.

Previsão de reforma

O terminal Luiz Garcia é administrado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs), via Diretoria de Transportes (Ditransp). Em nota enviada ao portal AJN1, a assessoria de imprensa diz que há recursos para a reforma do Terminal, no valor de R$ 4.178.778,62, provenientes do Fundo para o Desenvolvimento Regional com Recursos da Desestatização (FRD), assegurados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aplicados em conta.

“O projeto de reforma foi encaminhado ao BNDES, onde foi analisado pelo corpo técnico e estávamos aguardando a liberação para dar prosseguimento ao processo, porém, com a mudança do governo federal, a equipe que fez a análise foi substituída. Após a substituição do corpo técnico, o projeto já se encontra em fase final de análise. O mesmo já foi licitado, apenas aguardando aprovação do BNDES para homologação do processo licitatório e realizar a contratação. O projeto inclui toda urbanização da área”, diz um trecho da nota.

A última reforma da rodoviária ocorreu em 2017, referente à recuperação estrutural da marquise, dos banheiros e da rede elétrica.

“Enquanto não há, uma avaliação técnica pelo BNDES, a Sedurbs, pasta responsável pelo terminal, executa a manutenção diária, realizando reparos quando se faz necessário”, conclui a nota.

Polícia Militar

Sobre a insegurança no local, o assessor de imprensa da Polícia Militar, major Fábio Machado, afirma que há patrulhamento ostensivo 24h por dia e que a área não é considerada perigosa. “Que a população denuncie, através do disque denúncia da Polícia Civil, 181, ou 190 da PM, e sempre registre a ocorrência”, limitou-se a dizer.

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