ARACAJU/SE, 27 de julho de 2024 , 0:18:29

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Estudo comprova eficiência da bariátrica no controle de doenças associadas à obesidade

 

Quando uma pessoa tem o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 30 kg/m² e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m², ela é considerada obesa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 700 milhões de pessoas estejam nessa situação no mundo até o ano de 2025.

No Brasil, uma em cada quatro pessoas de 18 anos ou mais anos de idade estava obesa, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa 41 milhões de habitantes do país.

A proporção de obesos no país mais que dobrou entre 2003 e 2019 entre os adultos, saindo de 12,2% para 26,8% da população. A quantidade de mulheres obesas nesse período subiu para 30,2%, enquanto a obesidade masculina chegou a 22,8%.

A mudança de estilo de vida, por meio de hábitos alimentares, prática de atividades físicas e redução do consumo de bebidas alcoólicas, é o primeiro passo para o controle da doença. No entanto, quando a perda de peso não é eficiente em pacientes com IMC maior ou igual a 35 kg/m² a médio e longo prazo, recomenda-se a cirurgia bariátrica.

Com o objetivo de entender os efeitos das formas de tratamento de doenças relacionadas à obesidade, a doutoranda em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Rebeca Rocha de Almeida, buscou investigar a eficiência do procedimento cirúrgico no controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

Formada em Nutrição pela UFS e especialista em Saúde do Adulto e do Idoso pelo Hospital Universitário (HU-UFS), Rebeca acompanhou dois grupos de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) durante cinco anos. Enquanto um grupo se submeteu ao procedimento, outro realizou o tratamento convencional à base de medicamentos.

A pesquisadora identificou que 22 das 33 pessoas submetidas à cirurgia bariátrica apresentaram remissão da diabetes. Por outro lado, dos 38 pacientes em tratamento convencional com fármacos, apenas um deles alcançou o mesmo resultado.

“Os nossos resultados ratificaram que a cirurgia bariátrica é mais eficiente no controle metabólico da glicemia, da diabetes e na redução do risco cardiovascular do que o tratamento convencional à base de medicamentos,” destaca a bolsista da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A nutricionista aponta que a cirurgia reduziu a gravidade das doenças associadas à obesidade logo após o terceiro mês do procedimento. Nisso, os resultados se mantiveram até o quinto ano nos indivíduos com diagnóstico de obesidade grau 3.

“A obesidade é um fator de grande preocupação da saúde pública brasileira, porque estamos vivendo uma pandemia de obesidade. Isso ficou muito bem enaltecido com a covid-19. As pessoas, em função da reclusão, da ansiedade, da falta de exercícios físicos e etc, aumentaram substancialmente de peso,” alerta o professor de Medicina da UFS e chefe do setor cardiovascular do HU-UFS, Antônio Carlos Sobral Sousa*.

O médico cardiologista orienta Rebeca desde o mestrado em Ciências da Saúde na UFS. Na dissertação concluída no ano de 2018, a nutricionista também desenvolveu um estudo sobre a cirurgia bariátrica, comparando a redução de risco cardiometabólico entre pacientes submetidos ao procedimento no SUS e na rede privada.

“A cirurgia bariátrica é apenas o começo de um tratamento, porque conhecemos histórias de pessoas que readquiriram o peso depois de certo tempo. Então, paralelamente ao procedimento cirúrgico, é preciso ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com nutricionistas, psicólogo, cardiologista, e outros profissionais a depender da comorbidade que o paciente apresentar,” destaca o professor Sousa.

Os primeiros apontamentos da tese de Rebeca, que será defendida no próximo dia 8, já foram publicados pelo Multidisciplinary Digital Publishing Institute, com o título “Bariatric Surgery: Late Outcomes in Patients Who Reduced Comorbidities at Early Follow-Up”.

Fonte: Ascom UFS

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