Sergipe é conhecido como o ‘País do Forró’ não apenas pela tradição, mas pela força de uma cultura que atravessa gerações. A dança e a música que embalam o forró atraem visitantes de todos os cantos, numa celebração que faz parte da vida dos sergipanos desde a infância. O Complexo Cultural Gonzagão está no coração desta paixão há 34 anos. Inaugurado por meio de um decreto do Governo de Sergipe, o espaço foi pensado como um centro multimeio dedicado à promoção de eventos culturais, cursos, apresentações de dança, música, folclore e outras manifestações populares, além de atividades voltadas para arte-educação e encontros que envolvessem toda a comunidade.
Instituído no dia 10 de setembro de 1990, o Gonzação é uma das unidades culturais vinculadas ao Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap). Batizado em homenagem ao ‘Rei do Baião’, Luiz Gonzaga, grande nome da cultura nordestina, o Gonzagão rapidamente se consolidou como ponto de referência cultural no estado. “O Gonzação representa a preservação e a valorização das raízes culturais do estado de Sergipe, na medida em que mantém viva a essência do forró e das manifestações populares que fazem parte da identidade nordestina”, destacou o presidente da Funcap, Gustavo Paixão.
Desde a inauguração, com uma semana inteira de festividades e apresentações lotadas, o local passou a ser conhecido como a ‘Casa do Forró Sergipano’. Ao longo de sua história, grandes artistas como Marinês, Clemilda, Dominguinhos e Erivaldo de Carira marcaram presença, encantando o público e ajudando a construir o legado desse espaço. Além das apresentações musicais, o Gonzagão também foi palco de eventos históricos, como a primeira encenação da Ópera do Milho e a realização de importantes concursos de quadrilhas juninas, tornando-se um dos mais tradicionais do estado.
Coordenadora do Complexo Cultural Gonzagão, Sandra Barbosa destaca a importância do espaço não só para a comunidade da Farolândia, mas para todo o estado. “Para mim, é uma honra participar desse momento de homenagem a esse espaço, essa casa de forró que atua desde os anos 90 com tanta tradição. Tudo que acontece aqui mantém nossa cultura viva. Para a comunidade, acredito que, assim como aconteceu comigo, o Gonzagão traz muitas memórias afetivas”, disse a coordenadora, acrescentando que desde muito nova já frequentava o Gonzagão.
Relevância Cultural
A trajetória do grupo cultural e multiartístico Peneirou Xerém, reconhecido como patrimônio cultural imaterial de Aracaju, está profundamente entrelaçada com a história do Complexo Cultural Gonzagão. Composto por 35 integrantes, a maioria da terceira idade, o grupo existe há 35 anos e desde o início teve no Gonzagão seu berço, realizando ali suas primeiras apresentações e encontrando no espaço uma sede para ensaios, oficinas e confraternizações.
“Nosso grupo encontrou no Gonzagão a utilidade perfeita. Nascemos praticamente nascemos. No Augusto Franco eram três grupos de cultura e era no Gonzagão que todos se reuniam. Sempre tinha festa, o que comemorar”, recordou Josefa Oliveira Santos, líder do Peneirou Xerém. “Aos sábados, mesmo com eventos marcados, a gente passava o dia inteiro no Gonzação, porque não podíamos parar. O Peneirou Xerém não é só da comunidade, é de todo o estado. Este é um lugar de enorme valia cultural. Sou muito grata por tudo e é essencial que este espaço continue de portas abertas para a cultura”, declarou Josefa Oliveira Santos.
Cantor e pesquisador há mais de 20 anos, Santana Baião da Penha carrega consigo uma paixão herdada de seu pai. “Escutava meu pai enquanto ele pintava igrejas, e, aos oito anos, fui me apaixonando por essa cultura tão rica que é a nordestina, onde Gonzaga cantou de tudo”, relembrou. Vestindo o chapéu e o gibão de couro inspirados no ídolo, Santana leva sua sanfona para onde vai. Em 2015, teve a oportunidade de se apresentar pela primeira vez no Gonzagão. “Eu estava de passagem por Aracaju, quando fui convidado para tocar no espaço, e foi maravilhoso! Esse é o melhor palco do Nordeste. Ele tem história. Fico feliz e orgulhoso por fazer parte dela”, revelou.
A aposentada Helena Nascimento, de 66 anos, orgulha-se de conhecer cada canto do Gonzagão. Ela mantém há mais de vinte anos um quiosque no local, que além de ser sua fonte de renda, é também um espaço de convivência onde ela acompanha de perto as diversas atrações culturais. “Aqui é meu lazer, minha alegria. Eu adoro este lugar. Tudo o que acontece aqui é bom, não só para mim, mas para as famílias, para todos!”, declarou.
Fonte: Secom