Geoffrey Hinton, 75, conhecido como “Padrinho da IA”, recebeu seu Ph.D. em inteligência artificial há 45 anos e continua sendo uma das vozes mais respeitadas no campo. Agora, ele deixou o Google e disse ao jornal The New York Times que alertará o mundo sobre a ameaça potencial da IA, que ele disse estar chegando mais cedo do que pensava anteriormente. “Achei que faltavam 30 a 50 anos ou mais”, disse Hinton, em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (2).
Hinton, que foi nomeado vencedor do Prêmio Turing de 2018 por seu trabalho fundamental que levou ao atual boom da inteligência artificial, disse que agora se arrepende do trabalho de sua vida, informou o Times, citando riscos de curto prazo de a IA ocupar empregos e a proliferação de fotos, vídeos e informações falsas.
“Eu me consolo com a desculpa normal: se eu não tivesse feito isso, outra pessoa teria feito”, disse Hinton, que trabalhou no Google por mais de uma década. “É difícil ver como você pode impedir que os maus atores o usem para coisas ruins.”
O acadêmico ingressou no Google depois que a big tech adquiriu uma empresa iniciada por Hinton e dois de seus alunos, um dos quais se tornou cientista-chefe da OpenAI. Hinton e seus alunos desenvolveram uma rede neural que aprendeu sozinha a identificar objetos comuns como cães, gatos e flores depois de analisar milhares de fotos. É esse trabalho que acabou levando à criação do ChatGPT e do Google Bard.
De acordo com a entrevista do NYT, Hinton estava feliz com a administração da tecnologia pelo Google até que a Microsoft lançou o novo Bing infundido com OpenAI, desafiando o negócio principal do Google e provocando uma resposta acelerada do gigante das buscas. Essa competição acirrada pode ser impossível de parar, diz Hinton, resultando em um mundo com tantas imagens e textos falsos que ninguém mais será capaz de dizer “o que é verdade”.
Hinton também foi ao Twitter para esclarecer sua posição sobre o Google: “Saí para poder falar sobre os perigos da IA sem considerar como isso afeta o Google. O Google agiu com muita responsabilidade.”
Fonte: Época Negócios