“Eu sinto enxaqueca já tem uns 10 anos. Só que nunca foi diagnosticada como enxaqueca. Eu sempre procurava outros meios de atendimento, como o oftalmologista para trocar a lente dos óculos. Tinha muita sensibilidade à luz e som também. Todos esses sintomas foram se agravando ao longo do tempo.”
O relato da estudante Thaís Tavares é muito comum entre as mais de 30 milhões de pessoas que sofrem de enxaqueca no Brasil. A maioria com idade entre 25 e 45 anos. A doença atinge 15% da população mundial, sendo a sexta mais incapacitante no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Apesar de ser relacionada popularmente à dor de cabeça, a enxaqueca é uma doença neurológica e sindrômica. Os principais sintomas variam de dor de cabeça latejante e hipersensibilidade à luz e odores, até alterações cognitivas, como lapsos de memória e dificuldade de concentração.
Há 10 anos, o Laboratório de Pesquisa em Neurociências da Universidade Federal de Sergipe (Lapene-UFS) atua no desenvolvimento de estudos sobre doenças neurológicas. Entre eles, a avaliação da eficácia da aplicação do tratamento fisioterapêutico para o controle da enxaqueca.
“É incomum ainda na prática clínica, principalmente do fisioterapeuta, essa amplitude de atuação profissional junto aos pacientes que sofrem de dor de cabeça. Por isso, falar de assistência fisioterapêutica nesse campo, é falar de uma grande possibilidade de inovação,” pontua a professora do Departamento de Fisioterapia e coordenadora do Lapene, Josimari de Santana.
Eletroestimulação
A doutoranda em Ciências Fisiológicas da UFS, Ivone Dantas, desenvolve a pesquisa com pessoas entre 18 e 50 anos de idade, que tenham sido diagnosticadas com a doença após a avaliação de um médico-neurologista.
No Lapene, os pacientes passam por 12 sessões de eletroestimulação, que consiste no uso de um equipamento para a aplicação de impulsos elétricos na cabeça, tendo uma ampla variação de frequência e amplitude.
“A nossa hipótese é que a utilização dessa alternativa vai fazer com que tenhamos uma melhora tanto nos aspectos fisiológicos, a exemplo da hipersensibilidade, quanto no automanejo sobre os cuidados”, explica Ivone.
Apesar de estar no início do tratamento da enxaqueca com a aplicação da fisioterapia através do projeto de pesquisa, a estudante Thaís Tavares destaca os efeitos imediatos no alívio e no controle da doença.
“Melhorou bastante a questão da dor cervical. Eu tinha muitas dores nos ombros. A frequência das dores diminuiu muito com o tratamento. Eu passava até três dias com dor e agora tenho poucas horas de um dia só,” relata Thaís.
Educação em dor
Além das sessões de fisioterapia, os pesquisadores oferecem informações sobre educação em dor através de um e-book. O objetivo, além de informar os pacientes sobre a doença, é identificar as percepções deles sobre o assunto.
“Educar é muito além de entregar informações corretas sobre a enxaqueca, é possibilitar que a pessoa tanto aprenda quais são os gatilhos da doença, bem como entenda aquilo que possa aliviar as dores,” afirma a professora Josimari.
Fonte: Ascom UFS