ARACAJU/SE, 6 de maio de 2024 , 18:36:02

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Economia criativa tem movimentado a economia de forma significativa

Aos 33 anos, Isabele Ribeiro é um dos principais nomes da economia criativa de Sergipe. Muito deste espaço foi conquistado muito antes de se discutir e entender o tema. Há 12 anos, quando pouco se falava sobre a junção de economia e criatividade, ela deu início à história da Feirinha da Gambiarra e, assim, abriu caminho para diversos eventos de mesma natureza. Arquiteta por formação, mas empreendedora por vocação, Isabele realiza mais uma edição – ao total já são 32 – neste sábado, 04, de maio,  na Praça Marcelo Deda, no Central Garden. Cerca de 100 expositores estarão mostrando o seu trabalho. Além disso, será realizada uma vasta programação. A entrada custará R$ 2, além de 1kg de alimento não-perecível.
“Para mim o futuro é colaborativo e é exatamente isso que fazemos há 12 anos. Formatos como a loja colaborativa que tivemos, que oportuniza um pequeno empreendedor ter um ponto de venda a baixo custo num shopping ou participar de um dia de feirinha levando um público considerável (hoje a feirinha tem uma média de 9 mil pessoas) curioso e ávido por produtos criativos é o que vai impulsionar essa galera que ainda tenta se recuperar de um grande hiato causado pela pandemia”, destaca Isabele Ribeiro.


CS/AJN1 – Como você define a economia criativa e qual a importância desse setor para o desenvolvimento econômico de Sergipe?

Isabele Ribeiro – Economia criativa é um ecossistema que engloba os setores que tem o fazer criativo (intangível) como o insumo principal e que tem impacto econômico significativo. São setores da indústria criativa como Moda, Arquitetura, Dança, Design, Audiovisual e Games que, inclusive, já fatura mais que a indústria de Cinema. Sergipe precisa olhar para a economia criativa e entender a potência que representa economicamente, primeiro, mapeando os dados do setor. A partir disso, potencializar/profissionalizar os agentes que compõem e sensibilizar a gestão público-privada da sua importância econômica e inserir Sergipe no eixo. Já fazemos economia criativa, precisamos olhar para um organismo vivo que o mundo todo está falando e a gente ainda tá engatinhando.

CS/AJN1 – Quais são os principais desafios enfrentados pelos empreendedores criativos em Sergipe e como a Feirinha da Gambiarra contribui para superá-los?

IR – Não ter dados do setor mapeados é o primeiro grande desafio e estamos trabalhando nisso tanto na Desenvolve-se, agência do Governo a qual faço parte, como pela rede da Gambiarra. Sem dados nenhum agente consegue fazer com que a sociedade te enxergue, bem como a gestão pública veja suas dores para pensar soluções em conjunto. Dentre os desafios mais amplos, a profissionalização e espaços que sejam cenário para sua potencialização são os lugares nos quais a feirinha consegue dar suporte.

CS/AJN1 – Qual é a sua visão estratégica para a Feirinha da Gambiarra nos próximos anos, considerando o cenário econômico atual?

IS – Ações como a feirinha, com pensamento colaborativo são, na verdade, a solução. Para mim o futuro é colaborativo e é exatamente isso que fazemos há 12 anos. Formatos como a loja colaborativa que tivemos, que oportuniza um pequeno empreendedor ter um ponto de venda a baixo custo num shopping ou participar de um dia de feirinha levando um público considerável (hoje a feirinha tem uma média de 9 mil pessoas) curioso e ávido por produtos criativos é o que vai impulsionar essa galera que ainda tenta se recuperar de um grande hiato causado pela pandemia. Ele faz um investimento pelo espaço de venda, comercializa, faz a vitrine dos seus produtos e ainda tem o pós venda com encomendas e vendas depois do evento.

CS/AJN1 – Como você enxerga o papel da mulher empreendedora na economia criativa e quais são as principais dificuldades enfrentadas por elas nesse contexto?

IS – A realidade que vemos no empreendedorismo feminino no Brasil é, em sua maioria, de mulheres que empreendem por necessidade. Quem empreende por necessidade, geralmente, troca o pneu do carro com o carro andando, então os desafios dessas mulheres permeiam sempre entre a falta de capital, falta de profissionalismo e falta de rede de apoio pois geralmente (e aqui estou sendo bem generosa), somos nós a rede de apoio. Então é urgente olhar para essas mulheres, criar redes de troca, profissionalizá-las e dar o direcionamento necessário para alavancar seus negócios.

CS/AJN1 – Quais são os critérios de seleção dos expositores da Feirinha da Gambiarra e como você garante a diversidade e qualidade dos produtos e serviços oferecidos?

IS – Na seleção o nosso time avalia se a marca dá match com o público da feirinha, mas não temos rigor com tempo de marca ou quantidade de seguidores nas redes sociais. O nosso objetivo principal é fazer a feirinha ser um celeiro de nascimento para novas marcas e impulsionamento para as que já existem. Nesse processo de seleção, tentamos criar um mix de produtos, até mesmo na organização e distribuição dos expositores na própria feirinha, o que proporciona uma experiência ainda melhor para o público.

CS/AJN1 – Como a tecnologia tem influenciado a forma como os empreendedores criativos se conectam com o público e como a Feirinha da Gambiarra tem acompanhado essas mudanças?

IS – Somos filhas do digital, afinal de contas, todo o projeto surgiu de um blog criado em 2010 que, mais à frente, deu origem ao primeiro evento que se tornaria uma feirinha: um brechó colaborativo com leitoras do blog criado despretensiosamente. Num projeto de 12 anos tivemos que nos adaptar bastante, mas já digo que a tecnologia e as redes sociais sempre agiram como grandes impulsionadoras para que a gente pudesse se conectar ainda mais com nossa comunidade e potencializar o evento.

CS/AJN1 – Quais são os planos da Feirinha da Gambiarra para expandir sua atuação e impacto na economia criativa de Sergipe?
IS – Esse ano nós vamos concretizar um grande sonho pensado e estruturado há anos: a primeira turma de formação com a Rede Sergipana de Mulheres Empreendedoras, um programa de formação para líderes empreendedoras com um ano de duração totalmente gratuito. O objetivo é sanar aquela grande dor que falamos nas perguntas anteriores: profissionalizar e potencializar negócios de mulheres e, mais do que isso, fazê-las se reconhecerem como sendo parte do mercado de Economia Criativa. Temos muito trabalho pela frente, estou muito animada e orgulhosa.

CS/AJN1 – Para finalizar, qual mensagem você gostaria de deixar para os empreendedores criativos de Sergipe, especialmentepara as mulheres que estão começando seus negócios?

IS – Troquem! Conversem, não tenham medo de pedir ajuda. Não há fórmula exata para o sucesso do crescimento de uma marca, mas não há dúvida de que trabalho contínuo, estudo, investimento no lugar certo e empoderamento fazem qualquer empreendedora alcançar voos ainda mais altos.

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