ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 5:48:24

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A glória do Ressuscitado também é nossa

Ao tomarmos e lermos o texto bíblico que tece acerca da páscoa judaica, de como o povo de Israel atravessou o Mar Vermelho a pé enxuto, imediatamente, segue-se o cântico de Moisés e dos filhos de Israel (cf. Ex 14,15-15,6.17-18).

Durante muitos séculos, aquelas linhas eram tratadas como um canto de liberdade. É bem verdade que não deixa de sê-lo! Porém, se comparada à libertação que Cristo nos legou pelo mistério de Sua Páscoa, percebemos que a libertação de Israel da escravidão do Egito é apenas uma figura, um aceno para a realidade que assistimos e participamos, liturgicamente, nestes dias santos do Sacro Tríduo Pascal.

“Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!” (Ex 15,1). A glória que cantamos na noite da Páscoa é a da vida do Senhor Ressuscitado que, Consigo, nos vivifica. Santo Irineu, em sua famigerada afirmativa, diz-nos que “A vida no homem é a glória de Deus; a vida do homem é a visão de Deus” (Tratado contra as heresias, 4,20,5-7). Esta vivificação da humanidade no Ressuscitado é apresentada, anteriormente, por São Paulo, na Carta aos Romanos, com as seguintes palavras: “Se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição” (6,5). Assim, na noite triunfal da Páscoa, somos, ainda mais, assemelhados a Cristo, o Vitorioso sobre o pecado e a morte, porque não apenas O vimos pela fé, como participamos da Sua vida imortal.

A glória pascal de Cristo é garantia de Seu reinado. Concedida pelo Pai no Espírito Santo uma vida nova, de ressuscitado a Cristo, o Filho, no mistério da Trindade Santíssima, esta mesma experiência é oferecida aos cristãos, convocados a vivê-la já no seu dia a dia, de maneira perseverante no bem, porque como nos diz o Apóstolo: “Se soubermos perseverar, com ele reinaremos. (2Tm 2,12). Não sejamos como os hebreus que, tão logo saíram do Egito, saudosos, quiseram voltar. Não queiramos a vida de morte, a vida do pecado, a vida da infâmia, a vida do não-Reino!

Povo ressuscitado, vidas glorificadas, homens redivivos, sempre com o olhar na luz do Ressuscitado, clarão que brilha a partir desta noite santa para sempre, principalmente no coração cristão, trilhemos a nossa vida com a pureza e a retidão de nossas obras, nunca ofuscando, com as trevas do pecado, o nosso interior dignamente purificado pelo Sangue do Cordeiro Pascal.

Feliz e santa Páscoa ao meu estimado leitor! Que o fulgor do Cristo Redivivo chegue aos corações vacilantes pelas trevas do mal e do pecado! Que o clarão do Cristo Vencedor afugente o breu do ódio, da violência e da guerra, porque o Senhor, concedendo-nos a Sua paz, é, Ele mesmo, a nossa Paz!