ARACAJU/SE, 23 de abril de 2024 , 22:44:44

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Da salvação, depositária e distribuidora

Conveniente, sobretudo neste Tempo Quaresmal, é falarmos sobre a Igreja e a sua ação de, em Cristo, salvar. Como depositária e distribuidora da redenção que Cristo nos operou com a Sua Cruz redentora, somente a Igreja foi constituída pelo próprio Deus para este fim. E, neste mundo de tantas controvérsias e rebeldias contra o que é de Deus, a Esposa do Senhor, corajosamente, deverá brilhar no mundo, cumprindo a sua missão, legada por seu Divino Fundador. E a pergunta “Como a Igreja, neste mundo adverso, salva?” será o norte desta nossa reflexão.

Quando Lemos o Segundo Livro dos Reis, temos o relato da cura de Naamã, general sírio. O texto sagrado afirma-nos que, ao lavar-se sete vezes no Jordão, aquele homem foi purificado de sua lepra. Veja, caro leitor, sete vezes, como sete são os sacramentos. Nos sete mergulhos de Naamã temos uma figura dos sete sacramentos da Igreja, por meio dos quais ela entroniza a salvação de Cristo ao coração dos fiéis. Perceba mais: depois do sétimo mergulho, a carne de Naamã “tornou-se semelhante a de uma criancinha” (2Rs 5,14), para falar que os sacramentos da Igreja nos regeneram por inteiro, integrando-nos na vida da graça, purificando-nos imensamente.

Naamã esperava que Eliseu apenas tocasse no lugar da lepra, e, somente ali, ficasse sanado. O que não aconteceu, supreendendo a todos. Para dizer que a graça divina, pelos sacramentos, força de Deus, renova-nos completamente, em todos os âmbitos da existência humana; para dizer-lhes ainda que a base de uma verdadeira humanidade na vida do cristão está na vida contínua dos sacramentos deixados por Jesus e ministrados por Sua Igreja Católica.

Poucos compreendem e acolhem a salvação de Cristo pela Igreja. Alguns querem, em vão, salvar-se sozinhos (numa espécie de ‘autossalvação’), apelando a meios humanos e, portanto, alheios à vontade de Deus. Muitos se julgam salvos sem a Igreja Católica. Porém, “extra Ecclesiae nulla salus”: fora da Igreja não existe salvação. E ela, que foi enviada por Cristo para todos, por todos não é acolhida ou acreditada.

O capítulo quarto de São Lucas apresenta-nos o Senhor lendo o livro de Isaías, que falava de Sua missão salvadora: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para anunciar o evangelho aos pobres; enviou-me para proclamar a liberdade aos presos e, aos cegos, a visão; para pôr em liberdade os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19; Is 61,1). Entretanto, quando Jesus disse aos Seus conterrâneos que, Nele, se cumpria aquela profecia, identificando-Se a eles, que murmuraram, é aí que o Senhor reclama que aqueles para quem foi enviado não O aceitavam, utilizando-Se dos exemplos de Elias com a viúva de Sarepta e de Eliseu com o general Naamã. E mais: após esta denúncia do Senhor, os nazarenos quiseram lançá-Lo do precipício sobre o qual a cidade estava construída. Isso também acontece com a Igreja de Jesus, perseguida pelo mundo para o qual ela foi enviada a salvar. Perseguida, quem sabe, até pelos seus filhos… Pense comigo: se perseguiram o Fundador, não fariam, também, com a Sua Instituição?! Mas, como Jesus, a ‘Senhora Católica’, passando por meio dos seus inimigos, continua, pressurosa, o seu caminho (cf. Lc 4,30).

São José é o patrono da Santa Igreja. Considerando as investidas dos inimigos da fé contra a Esposa do Senhor, bem como tendo diante de nós a iniciativa do Ano Santo Josefino, proclamado pelo Papa Francisco, elevemos ao insigne Patriarca da Sagrada Familia a nossa prece em prol dos trabalhos da Santa Igreja em todo o mundo: diante de tantas dificuldades, seja ela guardiã do íntegro tesouro, a nossa salvação, conduzindo-nos em meio às dificuldades que visam nos desestabilizar, desacreditando a Fé.