ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 5:54:18

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Gaudete in Domino

Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Grageru)

O Terceiro Domingo do Advento, caracterizado pelo róseo dos paramentos, é famigerado pelo nome latino “Gaudete”, ou Domingo da Alegria. Isto já vem estampado na Antífona de Entrada desta Santa Missa, pelo imperativo de São Paulo à comunidade de Filipos: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo, alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4,4.5). Ainda na Segunda Leitura, também do Apóstolo, temos outra exortação à alegria: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não apagueis o espírito!” (1Ts 5,16-19). E, mediante tais ordens, o que devemos ter por alegria?

O luminoso Papa Bento XVI explica-nos a diferença entre alegria e divertimento quando diz: “O verdadeiro júbilo não é fruto do divertir-se, entendido no sentido etimológico da palavra divertere, ou seja, isentar-se dos compromissos da vida e das suas responsabilidades” (Ângelus, 11.12.2011). E, conceituando a alegria cristã, e com isto a autêntica porque vem de Deus, continua: “A verdadeira alegria está ligada a algo de mais profundo. Sem dúvida, nos ritmos diários, muitas vezes frenéticos, é importante encontrar espaços de tempo para o descanso, para a distensão, mas a alegria autêntica está ligada à relação com Deus. Quem encontrou Cristo na própria vida, sente no coração uma serenidade e uma alegria que ninguém e nenhuma situação podem tirar” (Ibidem). O cristão vive nos meandros da verdadeira alegria nas situações da vida, as mais diversas e, por vezes, difíceis porque desafiadoras. Para isto, o Espírito Santo, Doador da alegria aos corações do fiéis, concede a Sua fortaleza e o discernimento necessários. Aqui, rememoro o que disse o Apóstolo Paulo na Segunda Leitura: “Não apagueis o Espírito!” (1Ts 5,19).

O Bispo de Hipona, Santo Agostinho, caracterizará a alegria cristã como quietude, descanso em Deus: “Porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós” (Confissões I,1), diz o Doutor da Igreja. Assim, o cristão que deseja viver alegre, deve sempre e sempre repousar no coração de Deus, como nos inspira o Salmo 83: “Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa, e a andorinha ali prepara o seu ninho, para nele seus filhotes colocar” (Sl 83,4).

A alegria cristã, por ser autenticamente Cristo e pertencer a Ele, gera em nós a felicidade, que “não é um simples estado de espírito passageiro, nem algo que se alcança com os próprios esforços, mas é um dom, nasce do encontro com a pessoa viva de Jesus, do fazer-lhe espaço em nós, do acolher o Espírito Santo que guia a nossa vida” (Bento XVI, Ângelus 11.12.2011).

Ser felizes: eis a grande proposta feita por Deus e por Sua Igreja a partir do Tempo do Advento. Sim, porque esperamos um Filho que nos foi dado (cf. Is 9,6), de cuja presença fica desterrada toda a tristeza e desesperança, porque tudo Nele faz sentido, é iluminado; Ele é a nossa luz (cf. Jo 8,12). Em Maria expectante, já vemos a Sua aurora. Ela, feliz por acreditou (cf. Lc 1,45), porque esperou, muito nos inspirará e nos ajudará se esperarmos, com dignidade, com as “janelas e portas” abertas da nossa alma, o seu Jesus, nossa alegria, que iluminará o interior do homem de fé, dissipando toda a escuridão de pecado, que nos angustia porque entristece os planos de Deus.