Caro leitor do Correio de Sergipe e do Portal AJN1, há muito tempo eu acalentava o desejo de escrever uma coluna quinzenal, mas tinha receio de não conseguir, devido aos inúmeros afazeres que tenho.
Perdoem-me minha escrita não profissional, sou apenas um administrador de empresas, não um jornalista. Mas vou dar o meu melhor.
Na coluna de hoje, quero iniciar pela narrativa da promessa que paguei em julho de 2019, acompanhado de minha esposa Roberta: fazer o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.
Após uma grande graça alcançada, fui fazer os 160 km em sete (7) dias, saindo da montanha do povoado do Cebreiro (onde é famoso o milagre da hóstia sagrada ter se convertido em carne e o vinho em sangue, em 1300, durante uma missa em que o sacerdote não acreditava que Jesus realmente estava na eucaristia). A Igreja onde aconteceu esse famoso milagre ainda está lá, pequena e singela.
O primeiro dia foi um caminho penoso, de quase 25 km de descidas e subidas bem íngremes e em estradas de terra e pedras, que nos fez chegar ao povoado mais próximo já anoitecendo.
Era muito pior do que eu imaginei, embora bastante advertido por minha esposa para levar uma mochila mais leve, com no máximo 10% do meu peso corporal (a minha iniciou com uns quinze quilos e eu fui abandonando as coisas pelo caminho) e para usar um calçado adequado (estava usando uma bota que eu usava para rodar obras).
Resultado? No primeiro dia arrebentei um joelho e achei que não iria conseguir continuar. O que não era uma opção, pois tratava-se do pagamento de uma promessa.
E o caminho foi me ensinando algumas lições que eu precisava aprender.
Sempre com um papel e caneta na mão, anotava os mínimos detalhes que me eram revelados. E a primeira, das quatorze lições que anotei, foi, claro,”praticar a humildade, em tudo e sempre”.
Se eu tivesse sido humilde e ouvido as advertências de minha esposa, não teria usado o calçado errado nem levado tanto peso na mochila, porque me achava preparado fisicamente. Até brincava com ela dizendo “quando você se cansar eu carrego a sua mochila também”, em pura (e errada) gabolice.
Meu primeiro dia terminou comigo sem conseguir dormir de tanta dor no joelho e me acalmando com a minha leitura espiritual diária, do livro “caminho”, de São José Maria Escrivá, cujo título era “PODES” (conselhos 286 e 287, para quem se interessar em ler), o que me deu força para continuar no segundo dia, mancando mas avançando.
Nas próximas colunas falarei das outras treze lições que aprendi nesse caminho iluminado.
Observação: o caminho de Santiago completo mais conhecido é de 800 km, de Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, até Santiago na Espanha, que pretendo fazer um dia. Mas a partir de 100 km a Igreja católica já considera que o peregrino fez o caminho de Santiago e carimba uma caderneta comprovando isso. A minha mantenho até hoje.