ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 2:48:48

logoajn1

O pé de pinha no quintal lá de casa

O nome da árvore é pomposo, pelo menos um deles – annona squamosa. Há outros, como fruta-do-conde, ata e, por fim, fruta-pinha. Só agora, por uma curiosidade, passei a saber. Pelas fotos, são diferentes. Me restrinjo a fruta-pinha, de onde nasce a pinha, fruta, que, aliás, não faz parte das que gosto. Acho que, se muito cheguei a comê-la, não passei de umas três vezes, e, ainda mais, quando era menino. A partir daí, o distanciamento foi se tornando cada vez maior. Na estrada, por exemplo, pelo menos na entrada de Maruim, as pinhas, apinhadas em uma vasilha, estão postas à venda. Vejo e continuo minha viagem.

Lá em casa, havia um pé de pinha, digo, uma fruta-pinha, na segunda parte do quintal, depois do pé de murta, bem próxima ao muro divisório do quintal da casa vizinha. Estranhamente, ao lado havia um tronco solitário, que nunca procurei saber porque lá estava. Pode ter sido parte de alguma construção em tempos de antanho. Tudo bem. Eu, menino, andarilho do quintal – que foi meu primeiro grande mundo,  onde trafegava pelas três goiabeira, e, também pela do vizinho -, não me recordo nunca de ter visto uma pinha madura. O que via era a pinha nascer, aumentar de tamanho, para depois morrer, vestida de preta, até secar e cair da árvore.

As demais fruteiras – mangueiras, pitangueiras, romãzeira, goiabeiras, a limeira, e, ainda um abacateiro e um mamoeiro que faleceram precocemente  -, pariam na época certa. Mas, a fruta-pinha, o que nascia não se criava, de modo que, a partir de certo momento, não me dignava nem de lhe olhar.  A limeira, por exemplo, foi a que mais perdurou, porque, quando o quintal foi utilizado para a construção de uma casa, nos idos dos anos oitenta, todas as fruteiras foram derrubadas. Ocorreu que, ao redor da limeira, havia um formigueiro, formigas pretas, um tanto grandes, com o rabo branco, que resistiu. Anos e anos, depois, na casa nova, papai já falecido, deram muita dor de cabeça a mamãe, as formigas remanescentes a querer fazer morada nas portas, e, eu, uma vez, vendo algumas, me reportei aos tempos de menino, quando as presenciava, no quintal, sempre trafegando ao redor da limeira.

Taí, era só para dizer que não gosto de pinha. Me dispersei. Outra vez me policio mais.