ARACAJU/SE, 11 de novembro de 2024 , 18:26:36

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O Real em Queda Livre: Uma Desvalorização Histórica em Tempos de Incerteza Fiscal

O Real, desde sua criação em 1994, tem sido um símbolo da estabilidade econômica do Brasil. No entanto, em 2024, a moeda brasileira enfrenta um de seus piores momentos, desvalorizando-se de forma alarmante em meio a um cenário de incertezas fiscais e deterioração das expectativas do mercado.

Desde o Plano Real, o Real apresentou uma trajetória de desvalorização gradual, mas constante, em relação ao dólar americano. Entre 1994 e 2002, a taxa de câmbio média anual ficou em torno de R$ 1,00 por dólar. A partir de 2003, com o boom das commodities e o aumento do fluxo de investimentos estrangeiros, o Real se fortaleceu, chegando a atingir a cotação de R$ 1,60 por dólar em 2008. No entanto, a partir da crise financeira global de 2008, o Real voltou a se desvalorizar, alcançando R$ 2,40 por dólar em 2015. Nos anos seguintes, a moeda brasileira se estabilizou em torno de R$ 3,00 por dólar, com algumas flutuações pontuais. Em 2024, a desvalorização do Real se intensificou de forma alarmante. Em janeiro, a cotação do dólar já era superior a R$ 5,00. Estamos no ano em que a moeda brasileira atinge seu menor valor histórico sucessivamente, dia a pós dia.

Diversos fatores contribuem para a atual desvalorização do Real. Entre os principais, podemos destacar as incertezas fiscais, devido ao aumento do endividamento público e a falta de um plano fiscal crível por parte do governo, o que gera desconfiança entre os investidores, que preferem buscar investimentos em países com maior estabilidade fiscal; a percepção de que o governo não está tomando as medidas necessárias para corrigir as contas públicas leva a uma deterioração das expectativas do mercado, o que também contribui para a desvalorização da moeda; aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, pois a política monetária contracionista do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, leva a um aumento da taxa de juros americana, o que torna os investimentos em dólares mais atrativos, pressionando o Real para baixo; e por último, mas creio que o mais importante no cenário internacional, a guerra na Ucrânia e crise energética global: A guerra na Ucrânia e a crise energética global geram incertezas no cenário internacional, o que leva os investidores a buscar refúgio em ativos considerados mais seguros, como o dólar americano.

A desvalorização do Real tem um impacto negativo na economia brasileira de diversas maneiras diretas como o aumento da inflação, pois A desvalorização da moeda encarece os produtos importados, o que leva a um aumento da inflação interna. Isso resvala diretamente na perda de poder de compra das famílias, já que a inflação erode o poder de compra, diminuindo sua capacidade de consumo. E com essa bagunça fiscal no desespero de arrecadar do Governo Federal, há uma clara redução da competitividade das empresas, porque a desvalorização do Real torna os produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional, o que pode levar à perda de mercado e à redução das exportações. E pra piorar, a muamba chinesa chega mais barata no Brasil, mesmo taxada nas compras internacionais até 50 dólares, que os produtos nacionais. E ainda devemos considerar o aumento do dólar encarece o pagamento da dívida externa do Brasil, o que pode comprometer as contas públicas.

As perspectivas para o Real no curto prazo são incertas. A desvalorização da moeda pode continuar se o governo não tomar medidas para corrigir as contas públicas e recuperar a confiança dos investidores. No entanto, a longo prazo, o Real tem potencial para se fortalecer, desde que o Brasil implemente reformas estruturais que promovam o crescimento sustentável da economia. A desvalorização do Real em 2024 é um reflexo da fragilidade fiscal e da incerteza do cenário econômico brasileiro. É fundamental que o governo tome medidas para corrigir o rumo das contas públicas e recuperar a confiança dos investidores, a fim de evitar que a moeda brasileira continue a se desvalorizar e impacte negativamente a economia do país.