ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 1:48:15

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O Uso da Terra em Sergipe

Foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela primeira vez, o monitoramento da cobertura e uso da terra com estatísticas desagregadas por Estados e Distrito Federal, com dados para os anos de 2000, 2010, 2012, 2014, 2016 e 2018.  Dessa forma, irei abordar neste breve ensaio a situação e os resultados para o Estado de Sergipe.

Na publicação do IBGE é destacado que na base de 2018, nas áreas antropizadas (classes: área artificial, área agrícola, pastagem com manejo, silvicultura, mosaicos florestais e mosaicos campestres) Sergipe tem uma forte representatividade entre os estados do Nordeste, com um percentual de 83,88%.

Analisando a área agrícola de Sergipe, verifica-se que o seu uso vem evoluindo nos últimos anos: no ano de 2000 o percentual de área agrícola de Sergipe era de 3,81% e em 2018 ficou em 6,62%. Na base de 2018, Sergipe foi o segundo Estado do Nordeste em percentual de uso da terra com área agrícola, ficando atrás somente do Estado de Alagoas que tem um percentual de uso com área agrícola de 17,13%, principalmente pelo plantio da cana-de-açúcar.  A média de uso da terra nordestina com área agrícola foi de 4,68% na base de 2018.

Do ponto de vista conceitual do IBGE, o uso da terra com área agrícola inclui todas as áreas cultivadas com plantios temporários e permanentes, utilizadas para a produção de alimentos, fibras, combustíveis e outras matérias-primas, incluindo também os tanques de aquicultura.

Esta evolução do uso da terra de Sergipe com área agrícola pode ser explicada pelo aumento do plantio de áreas de cana-de-açúcar por conta de novas usinas que surgiram e aumento da capacidade instalada das existentes e um forte direcionamento de plantio de milho na agricultura familiar.

Sergipe tem o 2º menor território entre as unidades federativas do Brasil, sendo superior apenas que o Distrito Federal, portanto muito limitado para crescimento do uso da terra, porém mesmo com estas condições, foi o 17º estado em crescimento absoluto de área agrícola no Brasil no período de 2000 a 2018 com um aumento de 615 Km2. Para entender o que isto representa, informo que o Estado de Pernambuco, no mesmo período (2000/2018) expandiu de área agrícola 398 Km2, e o nosso vizinho ao Norte (Alagoas) expandiu 173 Km2. Destaco que este crescimento da área agrícola em Sergipe é para ser comemorado e julgo que ainda é possível de forma sustentável expandir mais ainda, na lógica de fortalecimento da agricultura no território sergipano, considerando-se os diversos vetores positivos que referida atividade propicia.

Mas Sergipe é mais destaque ainda na Região Nordeste é no uso da terra com pastagem de manejo que no conceito do IBGE são as áreas destinadas ao pastoreio, apresentando interferências antrópicas de alta intensidade, estas interferências podem incluir o plantio, limpeza da terra, aplicação de herbicidas, adubação, entre outras que descaracterizem a cobertura natural.

No ano 2000 o percentual de uso da terra em Sergipe com pastagens de manejo era de 14,24%, a maior proporção da Região Nordeste, cuja média era de 6,43%; já em 2018 o percentual do uso da terra em Sergipe com pastagens de manejo passou para 16,26%, e o Estado passou para a 2ª posição em percentual de uso da terra com pastagem de manejo, pois o Estado do Maranhão teve uma forte expansão (um aumento de 26.485 Km2) com pastagem de manejo. O que o Maranhão cresceu em pastagem de manejo no período 2000/2018 é maior que o território de Sergipe, resultado da expansão em especial da bovinocultura extensiva naquele estado, destaque-se que a média de uso da terra no Nordeste com pastagem de manejo em 2018 foi de 8,62%. Em termos de crescimento absoluto de área com pastagem de manejo no período de 2000/2018, Sergipe teve o 13º crescimento do Brasil, com uma expansão de 444 Km 2.

Sergipe não tem área com silvicultura, que são áreas caracterizadas por plantios florestais de espécies exóticas ou nativas como monoculturas.

O uso da vegetação florestal em Sergipe é pequeno, saiu de 4,58% no ano 2000 e caiu para 4,51% no ano 2018, não é tradição do Estado que tem um dos menores percentuais de uso de vegetação florestal no Nordeste, cuja média regional em 2018 era de 16,21%. Vale registrar que a vegetação florestal são as áreas ocupadas por florestas e consideram-se florestais as formações arbóreas com porte superior a 5 metros de altura, incluindo-se aí as áreas de florestas ombrófilas, estacionais e mistas, além de savanas e campinaranas florestadas, manguezais e buritizais, conforme definição do IBGE.

Na vegetação o uso da terra em Sergipe caiu de 17,34% no ano 2000 para 10,68% no ano de 2018, sendo que o Estado teve a 15ª maior redução do país (área de 1.459 Km2).

Neste breve ensaio não abordei os demais usos da terra em Sergipe, a exemplo de área artificial, área úmida, corpo d’água continental, corpo d’água costeiro, área descoberta, em face dos objetivos de apresentar uma visão para o direcionamento estratégico que as atividades primárias têm em Sergipe. Conhecer e planejar de forma adequada o uso da terra em Sergipe será fundamento para o futuro econômico do Estado.