O mundo volta a ser assustado pela segunda onda do coronavírus na Europa, especialmente na França, Grã-Bretanha, Espanha e Itália.
Na França, por exemplo, ontem, 28 de outubro, foram mais de 500 mortes num único dia, superando o número de mortos por dia no Brasil. Mas em número totais, os Estados Unidos têm a marca de maior número de mortos na pandemia, seguido pelo Brasil.
Apesar disso, parece que nossos governantes e a maioria da população agem como se a pandemia tivesse sido vencida, e as aglomerações acontecem da periferia aos redutos mais ricos.
E não se diga que é falta de aviso. Os veículos de comunicação e as redes sociais estão mostrando o que está ocorrendo aqui e no mundo em tempo real.
E por que continuam a agir como se nada estivesse acontecendo?
Infelizmente, existem muitas pessoas negam a força da pandemia, uns por pura ignorância, outros por interesses meramente econômicos, outros politicamente para agradar os dois primeiros, e assim, entre a negação e o dinheiro, dão o mal exemplo e falam sem conhecimento de causa sobre a doença e sobre as suas consequências.
Ademais, é bom lembrar que apesar dos esforços e dos altos investimentos até agora nenhuma vacina foi aprovada por órgãos públicos de saúde confiáveis. Existe a vacina da Rússia, porém pouco se sabe sobe os estudos científicos que demonstrem a sua eficácia e segurança.
Enquanto isso, assistimos de nosso afastamento social, uma guerra sobre a vacina que ainda não existe, mas polarizou politicamente o discurso político e ameaça cair no colo dos ministros do STF. Noutras palavras, politizaram a vacina que sendo de boa qualidade não importa a sua origem, mas a possibilidade científica de nos livrar da pandemia, e surge agora a judicialização da questão.
Insatisfeitos com o jogo que lembra Flamengo versus Corinthians agora querem ir ao tapetão.
A judicialização da vida é algo extremamente preocupante. Primeiro porque demonstra a incapacidade das pessoas envolvidas em um conflito de resolverem com inteligência e racionalidade, sem as paixões ciclotímicas ou mesmo as esquizofrenias latentes. Aparenta que uma ignorância total se apoderou das pessoas dos governantes e de boa parcela da sociedade brasileira, que deveriam aprender com o que está acontecendo no mundo nesse instante.
A vacina não pode ser decidida nem pela vontade do suserano e nem pela vontade dos juízes, deve ser fruto da ciência e da necessidade do país se reerguer após uma tragédia que já ultrapassa a maioria das guerras no mundo em termos de mortes, e um sem número, que não sabemos ainda, de sequelados.
As autoridades sanitárias e os médicos nessa fase da pandemia devem ser ouvidos com atenção, sem bandeiras partidárias e sem cores, nem azul e nem rosa, mas o branco das vestes dos profissionais da saúde.
O poder judiciário já não suporta a carga de resolver conflitos que deveriam e poderiam ser solucionados apenas com inteligência e sabedoria pelos homens e mulheres que decidem no país.
Ciência e consciência devem ser as palavras de ordem para vencermos a COVID-19.