Nesta reflexão, quero, com o meu ilustre leitor, analisar a universalidade da missão do Precursor de Jesus, São João Batista.
A figura de São João condensa toda a profecia do Antigo Testamento, e o fato de ser coetâneo ao Filho de Deus, ao ponto de apontá-Lo como “Cordeiro de Deus” confirma a garantia de todos os profetas que, logicamente, vieram antes de João, falando acerca do Salvador. Por isso, folheando as Escrituras Sagradas, vejamos a imagem de São João nos mais variados profetas e líderes da história do Povo de Israel, a exemplo de Jeremias, Davi, Sansão, Elias, Isaías e Malaquias dentre outros. A profecia exercida pelo Batista foi tão exímia que o confundiram com o retorno de Elias e com a presença do Messias (cf. 1,19-34); o Batista que veio para testemunhar o Cristo, para apontá-Lo, a fim de não nos restarem dúvidas acerca daqueles que vieram em número, dizendo: “Eu sou”, falsamente.
Para reconhecer Jesus, o Cristo, é que João exercia o seu profetismo sob o aspecto da universalidade, cumprindo a missão de preparar para o Senhor um povo bem disposto pelas vias da penitência e da conversão, propagandeadas pelas palavras daquele é a voz da Palavra Eterna: “Eu sou a voz do que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1,23). A potência daquele que é a voz da Palavra Criadora é eloquente de maneira que arranca, destrói, arruína, demole, edifica e planta (cf. Jr 1,10), fazendo “voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de preparar um povo para o Senhor” (Lc 1,17). O eco da potência da voz não se restringiu apenas aos seus contemporâneos, mas se faz ouvir pelos séculos até a consumação dos tempos. Logo, o ressoar que inspira à penitência e à conversão perdura até que haja a congregação completa do novo Povo de Deus, na Pátria Celeste, demolindo os obstáculos dos corações e fazendo crescer em nós a graça benfazeja.
Mas, o que a celebração do nascimento deste santo tão querido deve produzir em nós? A alegria. E isto é dito pelo Arcanjo São Gabriel a Zacarias quando do anúncio da concepção de São João: “Muitos se hão-de alegrar-se pelo seu nascimento” (Lc 1,14). Nascimento que nos traz a esperança e a pedagogia da Salvação. E, se nos traz alegria, que sentimento não haverá no coração do próprio Deus, que, em Jesus Cristo, elogiará o Batista como o “maior dentre os nascidos de mulher” (Mt 11,11;Lc 7,28)?
A missão de São João Batista é universal. Por isso que Santo Afonso Maria de Ligório observa: “Basta dizer que todas as graças que, no dizer do Apóstolo, são repartidas entre muitos (cf. 1Cor 12,14), foram concedidas todas juntas a São João: Deus o fez Patriarca, Profeta, Apóstolo, Evangelista, Mártir, Anacoreta e Virgem”. Tomando São João como especial protetor e exemplo, sejamos resolutos de recorrer à sua intercessão para obtermos as virtudes, sendo nós também dignos das misericórdias divinas.