ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 9:26:16

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Temos que desvencilhar as amarras da produtividade

O Brasil de hoje é um país diferente, vivendo uma situação econômica complicada, diante de um processo de leve crescimento que aconteceu depois do tombo de 2016, que durou três anos, até a chegada da pandemia, que colocou o mundo inteiro de joelhos, provocando desemprego em grande escala por todos os continentes. Quando começamos a apresentar um processo de crescimento contínuo, mesmo que baixo, veio a grande queda provocada pelo coronavírus. Foram quedas na atividade industrial, queda nas vendas do comércio, queda no estoque de trabalhadores, o que prejudicou demais todo o contexto econômico e principalmente, o social de nosso país.

Por mais que se tente estimular o investimento nos negócios, o momento não permite que isso seja feito e estamos vendo o caminho contrário acontecendo neste momento. Diversas empresas fechando as portas, principalmente no setor de serviços de alimentação e eventos, que são os mais impactados pela pandemia e que dificilmente terão uma oportunidade de recuperação de fato. Muitos terão que começar do zero, pois seus negócios estão obliterados, sem chances de recompor. Mas o que fazer para dar início a esse processo?

O Brasil de hoje se encontra com a mesma condição econômica do México no início deste século, com uma taxa de juros de 3%, e indicadores de inflação oscilando na casa dos 4% anuais. Hoje temos uma taxa básica de juros de 2,75% anuais e inflação de 4,52%, o que deveria estimular a produtividade há um bom tempo, considerando que vivemos um período de estabilidade financeira por muitos anos. O que falta ser feito para que esse processo possa realmente ser iniciado são as reformas necessárias para estruturar o Brasil como um país propício para os negócios. 

Precisamos ter um código comercial que seja focado em melhorar o ambiente de negócios para as empresas. O que temos em validade atualmente tem mais de 170 anos e trata a atividade econômica como se ela ainda fosse exercida nos tempos da revolução industrial, que também chegou com muito atraso no Brasil. Nosso país tem um grande delay de ações econômicas estruturantes que possam oportunizar o crescimento, pois somos um ambiente que não promove segurança jurídica alguma para a atividade empresarial. Leis sobrepostas e confusas, regulamentações descabidas e práticas que só alimentam o processo burocrático para se ter um negócio. O pior exemplo disso é o empreendedor que necessita abrir sete, oito CNPJ diferentes para poder desenvolver seu negócio com menos dificuldades, porque com um negócio apenas, é praticamente impossível. O Brasil é um país que embarreira o desenvolvimento econômico, quando desestimula o empreendedorismo, sendo que nosso povo é empreendedor por natureza. Vide a grande quantidade de negócios informais que foram descobertos, quando houve a necessidade de pagamento do auxílio emergencial para pessoas que tiveram que ser forçadas a parar de trabalhar. 

Enquanto não houver uma reforma tributária para promover melhoria de condições de atuação empresarial, não veremos nosso país crescer com todo o seu potencial. Muitos negócios esbarram na carga tributária, que é alta e alimenta um modelo extremamente custoso e pouco eficiente de serviço público. Ironicamente o único serviço público que funciona com alto grau de eficiência é a Receita, pois é a unidade arrecadadora base. Com isso, os setores de negócios poderão fluir com maior destreza e sendo estimulados a crescer, elevando a produtividade e geração de emprego e renda para as pessoas, retroalimentando a economia de um modo geral, encadeando uma força de crescimento. Ou aplicam-se as reformas necessárias mais urgentes, ou continuaremos fazendo voos de galinha e tendo anos perdidos, não apenas por fatores extraordinários como a pandemia, mas pela falta de estímulo à produtividade no Brasil. É necessário que sejam desvencilhadas as amarras que atravancam o processo produtivo de nossa nação, para que todos possamos crescer.

Ah, o México continua economicamente frágil desde o início do século. É isso que queremos para nosso país?