ARACAJU/SE, 6 de maio de 2024 , 16:24:38

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Assistidos pelo Espírito

Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Grageru)

Na noite da Quinta-feira Santa, grandes foram os dons do Senhor Jesus Cristo a nós, ao tempo em que, no Seu último testamento, grandiosas também foram as Suas promessas.

Na leitura do Evangelho segundo João, vemos o Senhor a garantir que, pelo amor de quem cumpre a Sua vontade, vem a este para, juntamente com o Pai, fazer-lhe morada divina (cf. Jo 14,23). Em posterior, dando sequência ao que dizia, fala-nos do Espírito Santo, denominando-Lhe “o Defensor”, que, enviado, nos recordará o que foi dito por Jesus, isto é: a Sua Palavra. Assim, muito embora não encontremos em nenhuma página da Escritura Sagrada o termo prontamente explícito “Trindade”, a plenitude da Revelação, Jesus Cristo, o Filho, após ter falado do Pai, começa a tecer sobre a Terceira Pessoa trinitária, que Se manifestará à Igreja em Pentecostes.

O Senhor, naquela hora profunda (cf. Jo 14,26), promete-nos um Advogado (em grego ‘Paráklêton’); catequiza-nos para que estejamos preparados, atentos à Sua chegada: “Disse-vos isto agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis” (Jo 14,29). E como é necessário que mergulhemos no conhecimento do Espírito! O intento de conhecê-Lo é o de criar intimidade com Ele, de ser-Lhe dóceis, de viver segundo este mesmo Espírito, ardorosamente. Acolhendo-O, somos moradas de Deus. O Espírito Santo é a certeza de que Deus está conosco, de que Ele é a nossa paz; de que, como Amor que une o Pai e o Filho, na diversidade das Suas Pessoas divinas, insere-nos nesta mesma relação intra-divina. Agir de acordo com o Espírito Santo de Amor, de Paz, é levarmos o amor de Deus e a paz que é Cristo a tantas vidas atribuladas, tal como se preocupa a Igreja em fazê-lo. Paraklêton pode ser também traduzido por “Consolador”. Ele [o Espírito] assim agirá se fizermos do nosso coração um receptáculo divino.

O Catecismo da Igreja Católica, falando acerca do Espírito de Cristo na plenitude do tempo, esclarecerá a ação-promessa do Senhor: “Somente quando chega a Hora em que vai ser glorificado, Jesus promete a vinda do Espírito Santo, pois sua morte e ressurreição serão o cumprimento da Promessa feita aos Apóstolos: o Espírito de verdade, o Paráclito, será dado pelo Pai a pedido de Jesus. Ele será enviado pelo Pai em nome de Jesus; Jesus o enviará de junto do Pai, pois ele procede do Pai” (n. 729). Logo, o Consolador nos vem a pedido, em nome e pelo Filho, que, por este mesmo Espírito de Amor, nos ensinará também a sermos filhos. E o Catecismo continua: “O Espírito Santo virá, nós o conheceremos, ele estará conosco para sempre, ele permanecerá conosco; ele nos ensinará tudo e nos lembrará de tudo o que Cristo nos disse, e dele dará testemunho; nos conduzirá à verdade inteira e glorificará a Cristo. Quanto ao mundo, o convencerá sobre o pecado, a justiça e o juízo” (Ibidem).

Noutra parte, o Catecismo ajuda-nos a ver esta propriedade do Espírito em relação ao entendimento da Igreja sobre as palavras de Jesus, afirmando: “O Espírito é a memória viva da Igreja” (n. 1099), no sentido de que faz com que ela aja – atenta, corajosa e fielmente – ao que lhe legou o Seu Senhor, Esposo e Deus, e nós, cristãos, com ela.

Nesta relação amorosa provocada pelo Espírito Santo entre Deus e a Igreja, há a necessária exigência da oração como cultivo da comunhão de amor (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2615). É por esta comunhão que devemos modelar a nossa vida, sabendo que podemos contar com o discernimento da luz do Espírito, sempre conveniente a todos os momentos da nossa vida cristã.

Criemos esta indispensável relação com Aquele que, enviado pelo Pai e pelo Filho, assiste-nos; Ele que é Deus bendito para sempre. Amém.